Com o título “Ciro Gomes: a identidade perdida”, o publicitário Ricardo Alcantara analisa o político Ciro e suas contradições. Uma delas, a de aceitar ser ministro de Lula quando posava de opositor veemente em campanha.
Como já havia previsto Pauta Livre, o candidato Ciro Gomes caiu alguns pontos mais nas pesquisas e chega ao ocaso de seu projeto com muito pouco a receber em troca por uma provável desistência de seu partido.
Na mais recente, uma Datafolha, já se encontra com índices inferiores aos da senadora Marina Silva – a candidata dos alternativos. A queda é suave, mas constante: de 15%, para apenas 9% em menos de seis meses.
Não foi por falta de exposição na mídia. Dela, recebeu mais espaços do que a candidata dos verdes, por exemplo. Polemista nato, tem dito o que quer e suas declarações não caíram no vazio. Contudo, sua candidatura não vinga.
O que acontece com o deputado não é difícil de explicar. Embora sempre se movimente com desenvoltura, ele perdeu um atributo fundamental para a força de uma liderança: Ciro perdeu sua identidade política.
Antes, era um jovem líder, sedutor e audaz, cujo talento conciliava uma retórica calcada na franqueza, e que a muitos transmitia confiança, com um ideário basicamente centrista, de fundo moderado e aspecto protetor.
Com um discurso ambíguo, mas eficaz, conduzia uma promessa política abrangente: remetia o imaginário do eleitor tanto para a possibilidade de rupturas construtivas quanto para estabilidades confortantes.
Com ele, iríamos ao céu – e nem seria necessário morrer: seu discurso, pragmático na aparência (apoiado numa borbulhante cascata de índices e números), não escondia o impulso infantil de um “pensamento mágico”.
A rigor, afirmava liberdade crítica, mas também um senso mediador, eqüidistante tanto da plutocracia, madrasta do ressentimento popular, quanto do petismo sindical que ainda assustava a classe média.
Tudo isso entrou em crise lá atrás, quando Ciro escolheu um lado e castrou sua força retórica em favor de uma participação comprometida com um dos lados. Foi ser ministro, e de expressão secundária, do governo Lula.
Ali, o político não apenas foi cooptado – servir e silenciar – mas abdicou de seu próprio estilo. Pensou, talvez, que, tornando-se confiável a um governo bem aceito, seria igualmente confiável aos que, nas ruas, o apoiavam.
Mas as coisas não funcionam assim. Pelo menos, não sempre. A identidade política de Ciro Gomes estava tão vinculada a um ímpeto de expressão autêntica que as contradições inevitáveis do poder de certo iriam macular.
Ciro não pode culpar a Lula e PT – terão candidato, é natural. Com seu desempenho, nada pode cobrar do seu partido, se com ele pretende sobreviver. De seus críticos, menos ainda: seus números nos redimem.
O polo fundo em que foi enterrado seu projeto presidencial, ele o cavou com a força de seus próprios braços. Não é por acaso que, apesar dos sete anos de dedicação ao “lulismo”, os eleitores fiéis ao projeto não o identificam com ele.
Eis aí a eloqüente prova do fracasso de sua manobra: ao anunciar sua desistência, dois em cada três de seus eleitores não votariam na candidata indicada por Lula, mas no adversário – e seu maior desafeto – José Serra.
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Parabéns, pelo ótimo texto.
Venho acompanhando o comportamento desse publicitário, Ricardo Alcântara, o entendido de tudo. Parece-me que ele entende do fósforo a bomba atômica. Nessa sua tendenciosa avaliação sobre o Ciro, carece ser esclarecidos alguns pontos.
1- É bem natural que o Ciro venha caindo nas intenções de votos, até porque, essa máquina mortífera (governo) não permitiu em nenhum momento a viabilidade de sua candidatura. Não há projeto que resista. Você sabe o que fez a Casa Civil com bloquinho? Que eleitor votaria em alguém que não é candidato ainda?
2- É verdade que o Ciro apareceu muito na mídia, mas não como candidato e sim para explicar para população o que vem fazendo o PT e o José Dirceu em torno de uma missão de desconstituí-lo através de ameaças. Sobre identidade política, não vejo fundamento algum, até porque, isso não existe mais em nenhuma figura política. O que realmente existe, e isso ele nunca perdeu, foi um bom trato com a coisa publica, com o erário e o compromisso de servir o povo brasileiro;
3- Creio que o nobre publicitário cometeu uma enorme injustiça ao paralisar essa confiança que o Ciro sempre transmitiu a quem realmente lhe conhece. A jovialidade é normal que tenha desaparecido isso é um fato natural, agora, seu discurso, continua o mesmo. Defende aquilo que acredita e continua sendo um político muito leal, haja vista, que mesmo trucidado pelas mãos do Lula, continua convicto de que o Brasil melhorou nesses últimos anos pela atual conjuntura política. Tem dito ao Brasil que não é aceitável o Congresso ser conduzido pelo mesmo grupo desde a promulgação da Carta Magna, se isso não encanta, pelo menos é verdade sem sofismo;
4- Quando o Ciro escolheu um lado é porque realmente tinha que escolher. Não era justo ele defender uma mudança e apoiar o Serra. O que há de paradoxo nisso? Ao aceitar ser Ministro não cabia a ele escolher entre o acessório e o principal. Acredito que realmente foi uma grande honra para ele servir ao País encarando um Ministério de extrema importância que tinha um orçamento pífio e ainda funcionava como balcão de negócio. Quem conhece bem o Ciro, sabe que ele seria fiel até o ultimo minuto. Se houve perda de identidade foi do PT e do Presidente Lula. A dele está intacta.
5- O Ciro em nenhum momento achava/achou que seria o candidato do governo. É legitimo que o PT tenha candidato, mas também é legítimo que o PSB também o tenha. O que não é aceitável é a forma que Lula quer estabelecer uma eleição. Depois da Constituição de 1988 já tivemos eleições com 12 candidatos porque agora o Lula quer apenas dois?
Se o chamamento do Ciro para o céu for feito com verdade, com lealdade e com seriedade irei à busca da salvação. Que fiquem vocês com a traição, as manobras eleitoreiras, com o esvaziamento dos cofres do PT, com os dólares nas cuecas, com as chantagens do Zé Cassado, com as cartas marcadas do Congresso e vão tudo para o INFERNO. CIRO PRESIDENTE!
Texto de um Autentico empresário Paulista! uahuhauhauh
Um dos piores danos a sociedade é a concetração, seja essa de dinheiro ou poder, então que acabe logo essa besteria sem fundamento de plebcisto! E se Dilma ganhar as eleições, acontecerá em 2014 o mesmo que esta acontecendo hoje, essa cultura de comparar o governo do PT com o do PSDB? Isso vai durar até quando? Em 2022 teremos isso também??? rs
Bira,seja lá quem você for: quem anda “acompanhando o comportamento” das pessoas é a polícia.
Sai dessa…eu vivo em um país livre e lutei por isso.
hahahaha… mais um blogueiro a serviço do PT ou do PSDB querendo descontruir o ciro gomes ! é só o q vemos na imprensa/internet, estes blogueiros pensam q somos otários !!!
Ricardo, realmente esse é o dever da polícia, porém, não foi nesse intuito que me referi. Sua liberdade é a minha liberdade. O que eu quis dizer é que você vem aqui e fala de todo mundo como verdade fosse. Suas análises são completamente distorcidas da verdade. Bem que você poderia fazer uma análise desse novo escândalo “fraude nas verbas do Ministério do Turismo, que, aliás, tem deputado cearense envolvido. Isso sim é que é perder identidade.