Da Coluna Valdemar Menezes, no O POVO deste domingo (17):
Chega ao fim uma semana estremecida por uma entranhada guerra político-ideológica e de classes, sob aparências simbólicas, quando o establishment golpista precipitou-se ao lançar o que imaginava ser um petardo devastador contra as forças progressistas (sobretudo o PT) e, mais do que tudo, contra a candidatura Lula, na tentativa de atirá-las no pântano do descrédito e, de sobejo, desmoralizar a ala “progressista” da Igreja e, supostamente, seu promontório principal, que está atravessado na garganta do capital financeiro: o papa Bergoglio (Francisco), o “peronista” (como é apodado em certos círculos adversários).
Tem-se como elevado o nível de irritação que assoma certos segmentos da elite econômica nacional e internacional diante do naufrágio do golpe brasileiro e do inequívoco e transbordante prestígio de Lula junto a uma maioria incontornável e crescente de cidadãos eleitores.
O “tiro na água” ocorreu logo após um novo visitante estrangeiro ser barrado na porta da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, ao tentar visitar Lula. Desta vez, foi nada menos do que um consultor direto do Papa, membro do Pontifício Conselho Justiça e Paz da Santa Sé e organizador dos encontros mundiais do pontífice com movimentos sociais, o advogado argentino Juan Grabois – homem de absoluta confiança de Francisco.
Ele trazia consigo um terço abençoado pelo papa, para ser entregue na ocasião, e a mensagem do pontífice sobre os movimentos sociais, junto com o desejo de escutar Lula, saber sua opinião sobre essa iniciativa pastoral e, claro, ouvir do próprio encarcerado as impressões sobre os fatos e os processos que culminaram em sua prisão, para repassar isso ao Pontífice.
Tanto bastou para que uma onda violenta de ataques fosse despejada contra o visitante, Lula e o PT, tomando como fonte um esquisito comunicado do site Vatican News, articulado não se sabe como, cheio de erros de informação e até de técnica redacional, desautorizando o visitante como consultor do Papa, e renegando o presente (terço), tido como fake news.
Grabois entrou em contato com o Vaticano e teve confirmadas suas suspeitas de “armação” (fake news) direitista. A nota foi removida incontinenti do Vatican News e substituída por outra, reiterando as credenciais de Grabois e tudo o que ele falou.
O papa não poderia agir como chefe de Estado, pois exigiria negociações formais prévias para não ser acusado de ingerência em assuntos internos de outro Estado soberano. Mas, como pastor, tem obrigação de consciência e o múnus pastoral para socorrer o injustiçado, o oprimido.
E aí, lança mão de um emissário informal para fazer chegar seus sinais, emitindo gestos simbólicos (sem precisar acionar a hierarquia local). Quando a situação exige atitudes mais explícitas, segue-se uma gradação de gestos na qual o pastor pode ganhar relevância sobre o chefe de Estado. A depender do que está em jogo.
3 Comentários
O jornalista tem o direito de escrever sobre um fato conforme sua convicção.Inclusive pode interpretar de acordo com sua ideologia,não tem nenhum problema,e é bom que seja assim. As vezes enxergamos só sob uma perspectiva, e o bom jornalista mostra outro ângulo do fato ,ou da notícia. Agora,inventar, mentir, imaginar,deturpar um fato,uma notícia,como fez o articulista, não é nem fake, é crime. Isso deve ter um limite, o leitor não pode comprar um jornal e receber notícias ou opiniões fraudulentas não. É o caso.
Basta o sr. Antônio acessar o link http://bit.do/emUqM, que está na coluna original e lá conectar-se com todos os demais links expostos pela matéria para conferir as fontes originais.
Verifiquei o link indicado,concluindo que o Sr.usou um sujeito sem nenhum compromisso com a verdade para construir seu texto. Quer dizer então que o Papa entrou em conluio com o emissário quase divino para burlar as regras de um país soberano. E mais, se utilizou meio ardil, benzendo um rosário, para facilitar a entrada o homem de maior confiança na Polícia Federal.Foi isso mesmo que o Sr. quis dizer?