
Em artigo enviado ao Blog, o professor Ivan Oliveira alerta dos riscos da pornografia virtual. Confira:
O caminho mais fácil de fugir de um assunto é ridicularizá-lo!
Perdoe-me, mas, mesmo os mais (ditos) politizados, caem no canto da sereia das mídias sociais e digitais.
Os próximos parágrafos não têm relação com posicionamentos religiosos, ideológicos ou moralistas. É um assunto que simplesmente precisamos pautar de forma serena, séria e objetiva.
Ao ler o artigo a seguir de uma proposta de lei não vejo a limitação à masturbação ou interferência do Estado, mas a tentativa “desajeitada” de obrigar as operadoras a investir na capacidade tecnológica dos seus serviços celulares para que os pais de menores possam atribuir filtros aos smartphones com tecnologia de ponta que a garotada usa para acesso a conteúdos multimídias.
Vejo o Art. 1º da PL 6449/2016: “As empresas operadoras que disponibilizam o acesso à rede mundial de computadores, ficam obrigadas por esta lei, a criarem sistema que filtra e interrompe automaticamente na internet todos os conteúdos de sexo virtual, prostituição, sites pornográficos”.
Quando se trata de pornografia pela internet, embora a maioria das pessoas que assiste à pornografia pela internet pareça ser apenas apreciadora ocasional, existe uma quantidade expressiva de pessoas que faz uso abusivo do conteúdo sexual disponível on-line e extrapolam a virtualidade comprometendo suas vivências no mundo real e até seu estado emocional.
Apesar da forma atrapalhada e inconsistente da PL proposta pelo deputado Marcelo Aguiar (DEM/SP), a temática da pornografia online é pertinente e urgente, pois o acesso fácil a conteúdos desta natureza está comprometendo o estado emocional dos adolescentes.
Não são poucos os estudos que evidenciam o aumento crescente no número de garotas colegiais em risco de problemas emocionais, devido suas humilhantes (e até dolorosas) primeiras experiências sexuais com os adolescentes que buscam replicar no mundo real às atrocidades aprendidas nos conteúdos pornográficos.
Somado à ausência dos pais no processo de formação sexual dos adolescentes, os comportamentos sexuais constrangedores dos meninos estão numa curva crescente e assustadora.
Antes nossos pais (pai e mãe) – mesmo com parábolas e meios envergonhados – nos diziam como tratar uma mulher, um fica, uma namorada ou esposa de forma respeitosa e sem causar tristeza ou ultrapassar limites da zona do prazer/ do consentimento mútuo das experiências para a dor das experiências constrangedoras e (muitas vezes) humilhantes.
Hoje, sobretudo os meninos, os adolescentes aprendem a se comportar nos seus primeiros encontros através de conversas com outros colegas ou por meio das experiências assistidas na internet, muitas vezes no modus operandi das “incríveis e sofisticadas” histórias dos filmes pornográficos.
Aos pais e mães de meninos, não os deixem aprender como tratar as meninas no primeiro encontro pela internet ou com os coleguinhas da sala/rua.
Não se trata de discurso moralista e privação dos direitos à intimidade ou simplesmente contra a masturbação.
Acredito que é um tema pertinente e conveniente para se colocar em pauta e criar instrumentais legais/tecnológicos para as operadoras fornecer a possibilidade de habilitar filtros a conteúdos online, conforme o provisionamento pelos pais e/ou responsáveis.
Aos pais mais antenados às novas tecnologias, é possível instalar proxy/filtros para evitar que seus filhos (menores de idade) acessem conteúdos inapropriados para eles.
Ou se pauta de forma séria e sem gaiatice, ou continuaremos “indiretamente” contribuindo para o aumento das incidências de violência e intimidação contra as garotas por parte de seus namorados adolescentes que muitas vezes replicam o que se aprende com o acesso regular aos conteúdos pornográficos pela internet.
Não sejamos bobinhos, as atitudes extremamente negativas contra as mulheres tem origem na ausência dos pais no processo de formação/orientação na educação sexual e nas experiências virtuais com atos de agressão desumanizante/humilhante distribuídos indistintamente pela internet.
Por fim, estou no campo ideológico diametralmente oposto do deputado proponente da desajeitada legislação, mas aproveito a oportunidade para pautar uma questão fundamental que está relacionada com o estado emocional dos adolescentes desta geração com acesso ilimitado aos conteúdos online e a precaução dos meninos não atentarem contra a dignidade sexual das mulheres-meninas.