Uma parceria entre o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) ganhou destaque na revista científica britânica mais prestigiada da atualidade, a British Journal of Haematology. A publicação traz o relato de uma paciente de 22 anos, do interior do Ceará, cuja leucemia mieloide aguda foi identificada a partir de exames de sangue que apontaram anomalia importante e rara num grupo de células analisadas.
Após sessões de quimioterapia e acompanhamento no HUWC e no Hemoce, novos exames foram realizados na paciente e não foram mais identificados sinais da doença nela. O relato é assinado pelos médicos Fernando Barroso, chefe do Serviço de Onco-Hematologia do HUWC; Denise Brunetta, chefe da Agência Transfusional do Complexo Hospitalar da UFC; Jacques Kaufman e Lilian de Albuquerque, especialistas do Serviço de Onco-hematologia do HUWC; e Dra. Luciana de Barros Carlos, do Hemoce.
Transplante
A parceria HUWC/Hemoce já contabiliza, até 2016, 67 transplantes de medula óssea, sendo 37 autólogos, 29 alogênicos e um haploidêntico. O transplante do tipo autólogo consiste no autotransplante, ou seja, o próprio paciente é a fonte de células-tronco hematopoiéticas. Nesse procedimento, o paciente faz uso de uma medicação que estimula a produção de células-tronco. A coleta dessas células presentes no sangue é feita por meio de um processo automatizado chamado aférese. Essas células, então, são armazenadas por congelamento. Em um segundo momento, o paciente é internado e submetido a altas doses de quimioterapia e posterior infusão das células-tronco que estavam armazenadas.
Fernando Barroso explica que, no transplante alogênico, há a figura do doador, que pode ser aparentado (irmão, por exemplo) ou não aparentado (proveniente de bancos de doadores, como o Redome – Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). “O paciente é submetido a altas doses de quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia também. Um dia antes de o paciente receber as células-tronco, a coleta é feita no doador. Após a infusão das células doadas, o paciente permanece internado até que a nova medula comece a funcionar normalmente”, explica o hematologista.
Ineditismo
No transplante haploidêntico realizado pela primeira vez no Ceará no dia 18 de outubro passado, houve 50% de compatibilidade entre doador e receptor. Nesse caso, foi a mãe do paciente que doou as células. “A realização do transplante haploidêntico pode ajudar a resolver a questão de pacientes que não têm doador compatível e não podem esperar até encontrar um doador com compatibilidade. A possibilidade de contar com um parente que seja 50% compatível revolucionou a área dos transplantes, porque hoje praticamente todo mundo tem um doador; pode ser o pai, a mãe, um irmão e até um primo”, diz o médico.
A Unidade de Onco-Hematologia do HUWC é a única do Estado a realizar transplante de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a primeira a fazer o do tipo haploidêntico.
SERVIÇO
(Com Site da UFC)