Com o título O rumo certo para a limpeza pública”, eis artigo de Albert Gradvohl, professor de Gestão Econômica Ambiental. Ele pede espaços para fazer algumas considerações sobre artigo do jornalista Ítalo Coriolano, veiculado neste espaço no último sábado. Confira:
Como leitor de seu honroso BLOG, li atentamente o artigo deste sábado (4), do Jornalista Ítalo Cariolando, a quem devo explicação por me sentir partícipe da equipe técnica de limpeza urbana de Fortaleza .Segundo o autor, há um retrocesso na limpeza urbana da cidade. Sem desmerecer sua opinião, acredito que sua observação está certamente pautada “naquilo que os seus olhos veem e seu coração tem sentido”.
Refiro-me a quantidade de pontos de lixo ainda existentes em Fortaleza. Hoje são 1.316 quando herdamos 1.800. Contrariando o artigo, as mudanças na legislação deram o resultado esperado, pois seguramente posso afirmar que os números não mentem. Hoje, a coleta particular aumentou 467% em destino final regular e a coleta pública reduziu 36,4%, cujo indicador foi absorvido pela referida coleta particular diminuindo na mesma proporção a participação no erário público.
Apesar desse resultado, o indicador ainda é tímido em relação a sujeira deixada historicamente por gestões anteriores, que ao invés de tratar a doença de maneira cirúrgica, preferiram custear remédios multiplicadores da praga, fomentando um custo excedente de 87 milhões de reais por ano.
Esclareço, que as medidas adotadas não dependem somente do novo marco regulatório, mas de um conjunto de ferramentas devidamente implantadas, como: o sistema de monitoramento que auxilia na fiscalização de grandes geradores apontando seus reais índices antes viciados, instalação de 13 ecopontos, cuja meta de 25 será alcançada até agosto, mas o objetivo será um para cada bairro.
Outra ação implementada foi o Recicla Fortaleza, primeiro projeto oficial de coleta seletiva da cidade, que vem conseguindo transformar o comportamento pró-ativo da população em troca de “bônus” nas contas de energia, bilhete único e água.
Comungo da ansiedade do nobre jornalista em querer conhecer uma Fortaleza limpa, que apesar de bela sempre foi suja. No entanto, alguém tinha que começar, jamais prometendo a população alcançar índices europeus em um ano. Talvez, tenha sido mais fácil a promessa de JK em fazer 50 anos em 5. Entre as diferentes cidades do mundo que me debrucei a pesquisar seus indicadores e suas variáveis exógenas, a que atingiu maior ecoeficiência foi Bréscia, uma comuna italiana da região da Lombardia com 188.803 habitantes e que levou 10 anos para se tornar ambientalmente adequada.
Em condições “ceteris paribus”, devemos atingir o mesmo índice de excelência em até 5 anos. Por isso, agradeço seu alerta, e peço respeitosamente para complementar seu brilhante artigo, afirmando que alguém tinha que ter coragem de começar a mexer no arcaico, viciado e caro modelo de limpeza urbana que nunca deveria ter sido construído em Fortaleza.
*Albert Gradvohl,
Professor de Gestão Econômica Ambiental.