Com o título “Chacina de Messejana – o desfecho das investigações”, eis o Editorial do O POVO deste domingo. Confira:
As investigação sobre a autoria da Chacina da Grande Messejana entram no quinto mês. Em novembro do ano passado, 11 pessoas foram executadas e sete ficaram feridas. A suspeita, e essa é linha trabalhada pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), é de que policiais militares teriam sido os autores da matança na periferia de Fortaleza. O assassinato de um PM, durante um assalto, teria motivado o justiçamento nas comunidades.
A sociedade civil espera com ansiedade o desfecho do inquérito e a punição, na forma da lei, dos responsáveis. Para sugerir alento às famílias que perderam parentes e para lembrar a alguns integrantes das forças de segurança pública que não existe no Brasil legislação que permita execução extrajudicial. Isso também é crime.
O cidadão quer do Estado, e de seus agentes de segurança, proteção e vigilância a paz pública.
Para o anúncio e a prisão dos acusados da chacina, o governador Camilo Santana (PT) e o procurador geral da Justiça, Plácido Rios, terão de atentar para a segurança de quem está conduzindo as investigações. Talvez até pedir o reforça da Polícia Federal.
O inquérito, aqui, é tão ou mais delicado do que foi, por exemplo, o do Caso França, em 1987. Investigações que deram na prisão e afastamento de dezenas de policiais civis e militares por envolvimento numa série de crimes.
Diferente daquela época, temos hoje comissões de direitos humanos pouco atuantes e enfraquecidas.
Também uma conjuntura absurda de insegurança pública que leva o cidadão a alimentar o senso comum por justiçamento. E, por último, há o empoderamento às avessas das redes sociais de grupos de policiais que alimentam esteriótipos e o linchamento virtual. Uma forma de embaçar o que é legal.
O anúncio do desfecho das investigações da Chacina da Grande Messejana é necessário e didático para a vida em sociedade.