Com o título “Reflexões capitalistas”, eis artigo do empresário Paulo Porto. Ele traz boas dicas de sobrevivência num País onde a economia ficou instável e mais instável ainda o governo. Confira:
A maré não está nem para peixe graúdo. No âmbito empresarial e no político. O que fazer diante desse quadro de crise imaginável? Imaginável? Sim. O mundo jamais será previsível. As empresas devem ser pensadas a partir dessa premissa.
A capacidade de diminuir e crescer de tamanho em pequeno espaço de tempo deve ser uma das principais características das empresas que tenham pretensões de permanecer no mercado.
Para se ter essa virtude, a gestão financeira se torna fundamental (quase uma redundância). Certa vez, iniciando minha vida empresarial, com uma pequena empresa, um genial empresário e possível futuro sócio me perguntou: quanto custa para fechar sua empresa? Eu não sabia – eu estava preparado para responder sobre faturamento e resultados. “Como não sabes? Se o mundo mudar e você quiser vender a empresa e não tiver comprador? Você vai ter que fechar ou vai se endividar até acabar com tudo que construístes na vida”. Grande lição.
O endividamento acima da capacidade da liquidação imediata, caso necessário, numa mudança de cenário, será mortal.
Nesse caso, quem se preparou, investiu e se endividou para um Brasil que não existia está em apuros. O mundo mudou! E se o cliente principal era o governo, terá que contratar grandes advogados…
Evidente que temos várias exceções. Há sempre os geniais que encontram grandes alternativas na crise. Esses enxergam um pouco à frente e não acreditam em Papai Noel, autor de autoajuda ou consultor que aprendeu a somar dois mais dois e achar cinco.
Se você não é um genial, não adianta inventar. Reduzir de tamanho, eliminar o desnecessário, liquidar passivos para não deixar os juros tomarem sua alma e sua credibilidade, nem que tenha que praticar o desapego, vendendo ativos pelos quais temos afeto. Parece lógico, mas poucos fazem a tempo. Pensar em pedaladas não tem dado muito certo. Principalmente se você não for candidato a cargo eletivo, desista de se enganar.
Neste momento, a grandeza é ter a humildade de recuar, rever o cenário, e se dimensionar para o novo Brasil real. Igual ao que não existia, apenas os governantes e legisladores que não aprenderam qual o papel do Estado e a importância de um ambiente favorável ao empreendedor.
*Paulo Porto Lima
pauloportolima@me.com
Geógrafo e empresário.