
“No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião de urgência para discutir a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor´s de tirar o grau de investimento do Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assegurou, nessa quinta-feira, em visita a Buenos Aires, que o rebaixamento do país “não significa nada”.
Durante mais de uma hora, Lula discursou num seminário sobre responsabilidade social e, além de minimizar a perda do grau de investimento, aproveitou para questionar duramente políticas de ajuste como as que estão sendo adotadas pelo Palácio do Planalto.
— É importante que a gente tenha em conta que o fato de eles diminuírem o “investment grade” de um país não significa nada, significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem — declarou Lula, para uma plateia de empresários, acadêmicos, diplomatas e funcionários do governo Cristina Kirchner, entre outros, no centro de convenções La Rural, em Buenos Aires.
O ex-presidente fez duras críticas à agência de classificação S&P:
— Eu fico pensando: é engraçado, como é que eles têm facilidade para tomar medidas quando a dor de barriga é na América Latina. Ou seja, todo mundo sabe quantos países da Europa estão quebrados e eles não têm coragem de diminuir o “investment grade” de nenhum país.
Em 2008, quando a S&P concedeu o “grau de investimento” ao Brasil, Lula disse:
— O Brasil vive um momento mágico. Nós acabamos de receber a notícia de que o Brasil passou a ser ‘investment grade’. Eu não sei nem falar a palavra, mas se a gente for traduzir isso para uma linguagem que os brasileiros entendam, é que o Brasil foi declarado um país sério, que tem políticas sérias, que cuida das suas finanças com seriedade e, que por isso, passamos a ser merecedores de uma confiança internacional que há muito tempo o Brasil necessitava.
Com a retirada do grau de investimento, o Brasil perde o selo de bom pagador, que é um reconhecimento de que o país é um lugar seguro para os investidores. Esse certificado costuma ser exigido por fundos de investimento e de pensão bilionários para aplicar em títulos de dívida de governos. No mercado financeiro, a nota de um país funciona como um “certificado de segurança” que as agências de classificação dão a países que elas consideram com baixo risco de calotes a investidores.
(Com O Globo)