Com o título “Lixo: multas começam a valer’, eis o editorial do O POVO desta terça-feira. Comemora a medida das multas, mas cobra desdobramentos em favor da cidadania. Confira:
Fortaleza começa a acompanhar a efetivação da lei municipal referente ao manejo de resíduos sólidos produzidos em grande quantidade, tal como previsto no Plano de Ações para Gestão de Resíduos Sólidos. Este tem como objetivo melhorar a limpeza urbana de Fortaleza, através de iniciativas de curto, médio e longo prazos, focando diversos aspectos, tais como, intensificação na fiscalização, coleta seletiva e educação ambiental. Desde sua promulgação, vinham-se desenvolvendo apenas ações de fiscalização educativa. A partir de ontem, passaram a ser aplicadas as multas previstas na legislação.
Já era hora de Fortaleza tratar de forma mais sistemática e racional a questão do lixo, atendendo às exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê uma gestão para essa área calcada na divisão de responsabilidades entre a sociedade, poder público e iniciativa privada.
De fato, a partir da intensificação da industrialização e a verticalização das construções (com maior concentração de pessoas em espaços territoriais exíguos) cresceram as exigências higiênicas e sanitárias. Com a intensificação do consumo, a geração de detritos e sua destinação passaram a se constituir um grave problema, já que o meio ambiente foi afetado, cada vez mais, e, com isso, a saúde da população. Essas consequências ganham acento particular num país, como o Brasil, que sofreu um abrupto e desorganizado processo de urbanização, com o “inchamento” das cidades, sem a correspondente expansão da infraestrutura de serviços. Em relação a Fortaleza, o problema é antigo e só faz crescer, à medida que a cidade se expande.
O enfrentamento dessa questão ganha, agora, uma nova perspectiva, a partir da consciência de que sua solução exige, como condição primeira, o monitoramento dos grandes produtores de resíduos sólidos – comércios, indústrias, empresas, restaurantes, supermercados – , caso contrário, seria como “enxugar gelo.” Daqui para frente, espera-se que as outras medidas visando a coletividade como um todo, tanto as educativas, como as práticas – destinadas a facilitar o selecionamento e descarte dos detritos pela própria comunidade – inaugurem, de fato, um novo marco civilizatório na capital cearense.