
Com o título “Bons ventos devem soprar para a Comunicação Corporativa em 2015”, eis artigo do jornalista Marcos André Borges, diretor-geral da VSM Comunicação. Ele analisa as perspectivas para o setor ano que vem e, baseado na Sondagem Abracom, estima um 2015 não tão nublado como apregoam muitos. Confira:
Apesar do cenário de instabilidade econômica, nossas perspectivas são de bons horizontes para a área de comunicação. O mercado de comunicação corporativa deve fechar 2014 com um crescimento médio de 8% no volume de faturamento, mesmo diante da incerteza econômica e do primeiro semestre de baixa verificado pela maioria das empresas. Esse é o resultado de uma sondagem feita pela equipe executiva da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) junto a 19 empresas brasileiras, em levantamento qualitativo, respondido por CEOs, sócios diretores e executivos de finanças de agências associadas. A sondagem abrangeu agências de todos os portes, com faturamentos entre R$ 1 milhão ano e R$ 100 milhões. A VSM Comunicação foi uma das 19 empresas ouvidas na pesquisa.
Os empresários apontam um cenário mais positivo para 2015, com projeção média de crescimento de 15% no faturamento do setor no ano que vem. O levantamento foi antes da conclusão do segundo turno das eleições. No entanto, a maior parte dos respondentes avaliou que o cenário político pouco influenciará no movimento de negócios. Isso demonstra, a nosso ver, um amadurecimento, consolidação da atividade e, também, um reconhecimento da importância do segmento junto ao mercado: seja público ou privado.
2014
Na avaliação das 19 empresas ouvidas, o ano de 2014 esteve sujeito a aumentos de custos, “que reduziram as margens operacionais, mesmo com o crescimento no faturamento”, como apontou uma das empresas. Em SP, agências avaliaram que o primeiro semestre teve resultados tímidos. Mas entre aquelas que cresceram, houve quem apontou taxas superiores a 25%. Foram empresas que apostaram em diversificação de produtos e novas abordagens junto aos clientes, multidisciplinaridade e uso de estratégias comerciais que não eram adotadas anteriormente. Para duas das agências pesquisadas, o ano está entre os melhores desde sua fundação.
No campo das empresas que apontaram estabilidade ou queda no faturamento, as razões são mais de conjuntura local, como no Distrito Federal, onde o mercado privado se retraiu, ou no Pará, onde a economia está mais sujeita à crise internacional, por conta da presença de empresas extrativistas que dependem de mercados como a China, Europa e EUA.
Copa e Eleições
Ainda que a conjuntura política não seja apontada como determinante para o próximo ano, as agências afirmaram que o volume de negócios em torno da Copa do Mundo não foi significativo. E que o calendário de jogos e de eleições prejudicou muitas ações dos clientes, que começaram a investir a partir de agosto e setembro e logo adiaram projetos para depois das eleições”, como afirmou uma empresa ouvida..
2015
As expectativas para 2015 são otimistas. E o mercado, na avaliação dos empresários, deve retomar o crescimento na faixa dos dois dígitos, com metas de aumento de até 15% no faturamento das agências. Desenvolvimento de novos negócios, ampliação das estratégias de atendimento multidisciplinar, redução das incertezas políticas e econômicas depois de um ano eleitoral particularmente difícil, inserção de novos produtos na carteira de serviços e mais demandas de clientes para administrar cenários de conflitos são alguns dos fatores que podem impulsionar o crescimento projetado.
Assinalando uma tendência, agências afirmam que estão desenvolvendo áreas comerciais mais robustas, para enfrentar um ambiente mais acirrado de concorrência. Em geral as empresas do setor são pouco agressivas comercialmente e capitam seus clientes muito mais por indicação do que por prospecção. E avaliam que as verbas represadas em 2013 e 2014 podem começar a crescer novamente em 2015, em um ritmo mais acelerado.
Se a média apurada é 15%, algumas agências de São Paulo preveem até 40% de crescimento em 2015. Houve quem falasse em um crescimento “conservador” de 25%. Das 19 empresas ouvidas, apenas três acreditam em um ano menos favorável, mas não falam em redução do volume de negócios. São empresários que projetam estabilidade, relacionada a fatores conjunturais da própria agência. E também temor com o baixo crescimento do País.
Tendências de produtos e serviços
Perguntados sobre os segmentos de produtos e serviços que podem contribuir para aumento ou diminuição do faturamento em 2015, a área de comunicação interna, já bem avaliada em 2014, foi citada como muito promissora para o ano que vem. Isso por conta do aumento da demanda por geração de conteúdo e por programas de relacionamento com público interno. Ferramenta que – antes tida como secundária – vem sendo bastante demanda e valorizada pelas empresas públicas e privadas cearenses.
Serviços na área digital (mídias sociais onde se inclui blogs e outras ferramentas) e em áreas como comunicação para mercado de consumo, comunicação financeira, comunicação para temas de saúde e o setor industrial foram os mais citados como promissores para 2015.
O serviço de relacionamento com a imprensa (assessoria de imprensa) foi indicado como ainda importante por algumas empresas. Mas, na sua imensa maioria, faz tempo que não é a atividade que represente um volume alto no faturamento das empresas.
Entre os segmentos da economia que são avaliados como menos atrativos para 2015, estão o agronegócio, o setor de turismo, que “deve encolher depois de um ano privilegiado como o de Copa do Mundo”, e segmentos industriais ligados a obras de infraestrutura, também com retraimento após as obras para a Copa. Vejo como constatações óbvias diante do cenários desses mercados em 2014. O Ceará não destoa desses aspectos. Inclusive da Copa, já que fomos Sub Sede desse importante Evento e tal fato proporcionou um boom atípico..
Um dos empresários acredita que não existe nenhum setor da economia ou área de serviços que não possa oferecer oportunidades. Ressalta que a criatividade e as estratégias de venda podem superar quaisquer dificuldades. É nesse aspecto que vale destacar a criatividade pujança do profissional cearense (hoje referencia no mercado nacional), não só na comunicação corporativa como na publicidade. Acreditamos que até mesmo pelas adversidades geo-ambientais que nos obrigam sermos mais ousados e obstinados para superar os obstáculos.
Governo
Por fim, a Abracom ouviu os empresários a respeito do investimento dos Governos em comunicação. Nove das 17 empresas pesquisadas não participaram de licitações em 2014. Mas cinco delas demonstraram interesse em estar nesse mercado. Entre as oito que disputaram contas governamentais o ano foi tido como menos movimentado, por conta da redução de licitações no período eleitoral. Mesmo assim, empresários continuam avaliando o setor público como um cliente importante e que a partir de 2015 deve promover um novo incremento nos negócios. Acreditamos que o fato de ocorrem novas eleições já em 2016, também, contribua para o crescimento do segmento no setor público. Afinal é uma forma de avaliar a imagem das gestões, prestar contas da atuação das administrações, perceber o sentimento da opinião pública pela imprensa e públicos de interesse e definir estratégias de comunicação, com o público em geral, mais eficazes. Sem falar que cada vez mais os Governantes (em todas as esferas) – a partir da Secom do Governo Federal – entendem a importância da comunicação corporativa para suas gestões. Os empresários também esperam que a atuação da Abracom neste segmento seja positiva para estimular as concorrências e a abertura de licitações pelos novos governos estaduais que tomam posse a partir de 1º de janeiro.
* Marcos André Borges,
Jornalista e especialista na área de Gestão em Comunicação Corporativa pela Fundação Dom Cabral.