
Depois de visitar ontem o Yad Vashem, Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou “não ter dúvidas” de que o nazismo foi um movimento de esquerda. A polêmica declaração foi feita em entrevista coletiva ao final de sua agenda oficial.
A afirmação do presidente, no entanto, vai de encontro ao próprio museu visitado por ele, que diz em seu site que o Partido Nazista da Alemanha era um entre vários “grupos radicais de direita”.
Inicialmente, a visita de Bolsonaro ao centro de memória também movimentou o Twitter, não pela visita em si, mas pela publicação recente do chanceler Ernesto Araújo de que o nazismo “foi um movimento de esquerda”, agora ecoada pelo presidente.
A publicação de um vídeo da visita de Bolsonaro ao museu inflamou a discussão entre críticos e apoiadores do governo, bem como a discussão sobre o nazismo estar à esquerda ou à direita no espectro político. A movimentação tornou Holocausto uma das expressões mais citadas no Twitter do Brasil.
O museu é um local de tributo aos seis milhões de judeus mortos pelos nazistas durante o Holocausto. No local, ele também citou uma passagem da Bíblia e disse estar tocado.
Bolsonaro fez o curto pronunciamento após assinar o livro de visitantes.
Antes, ele participou de uma cerimônia no Hall da Memória, que contou com o coro infantil Ankor. O presidente acionou a alavanca que ativa a Chama Eterna e, em seguida, bateu continência.
No chão, há o nome dos principais campos de extermínio.
Bolsonaro também depositou uma coroa de flores no local e fez um minuto de silêncio. Ao final, houve uma oração.
Enquanto Bolsonaro participava de uma cerimônia fechada à imprensa antes de plantar uma oliveira no Bosque das Nações, em Jerusalém, duas pessoas mostravam ao longe cartazes para a imprensa com dizeres em português “proteger a Amazônia” e “tolerância entre humanos e natureza”. Eles são israelenses.
Com a aproximação de jornalistas, a policia pediu a retirada dos manifestantes. O plantio da muda no bosque é um protocolo das visitas de chefes de Estado ou de governo ao local.
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, publicou ontem, no Twitter, uma espécie de “resposta” ao movimento palestino Hamas, que criticou a visita do presidente brasileiro (pai dele) a Jerusalém. “Quero que vocês se EXPLODAM!!!”, postou Flávio Bolsonaro, com a imagem do título de uma reportagem que noticiava as críticas do grupo à visita.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza, condenou a viagem de Jair Bolsonaro a Israel. Em comunicado, o grupo disse que a visita não ajuda na estabilidade e segurança da região e ameaça os laços do Brasil com países árabes e muçulmanos. “Em particular, o Hamas denuncia a visita do presidente brasileiro à Cidade Sagrada de Jerusalém acompanhada do primeiro-ministro de Israel”, diz o texto.
(Com Agências, O POVO Online/Foto – Presidência)