Com o título “Qual a direção, candidata?”, eis artigo de José Nilton Mariano Saraiva, economista e aposentado do Banco do Nordeste. Ele aborda contradições da candidata a presidente da República pelo PSB, Marina Silva e uma certa doação surpresa. Marina, por sinal, cumprirá agenda de campanha nesta tarde de sexta-feira, em Fortaleza. Confira:
À medida que se aproxima o tão esperado “dia D”, as trapalhadas se sucedem no comitê de campanha da candidata Marina Silva, num eloquente atestado de que, tal qual “biruta” de aeroporto, em sua caminhada não há uma direção estável a ser seguida; assim, há, sim, prenúncio de chuvas e trovoadas à frente, já que tudo dependendo de momentâneas conveniências “político-climáticas”.
Primeiro, tivemos aquela história envolvendo os integrantes da LGBTs que, sentindo-se ofendidos com o contido no programa de governo da candidata a respeito da comunidade, exigiram e conseguiram que a própria viesse de público “desdizer”, “desautorizar” e “modificar” apressadamente o que ali houvera sido publicado sobre, mesmo que sob a ridícula alegativa de que tudo não passara de uma “falha processual na editoração”. Houve, pois, falta de firmeza e sobraram conveniências.
Depois, a comprovar que o seu programa de governo não passa de uma colcha de retalhos, onde tudo cabe e tudo é permitido, bastando para tanto que se “copie”, se “cole” e se “assuma” como próprias, idéias e opiniões de outrem, a inserção naquele “documento oficial” de textos completos (ipsis litteris), publicados na Revista da USP nº 89, de autoria do professor Luiz Davidovich, sem que os respectivos créditos lhes fossem atribuídos; ou seja, mesmo com o “flagra” registrado, para todos os efeitos ali se achavam insertas idéias exaustivamente debatidas pela candidata e seu comitê de campanha. Houve, pois, desonestidade.
Pois bem, agora mais uma “peraltice”: é que, quando registrou sua candidatura à Presidência da República, o senhor Eduardo Campos houvera declarado formalmente possuir um patrimônio de R$ 546 mil. Eis que hoje se descobre que um dia após a sua morte, o senhor Eduardo Campos teria feito uma “doação” de R$ 2,5 milhões para o partido, o PSB. Mesmo sem levar em conta o “inusitado” de uma “doação” ter sido feita um dia após a morte do doador, a pergunta é: se o seu patrimônio total era de R$ 546 mil, como explicar uma “doação” que corresponde a quase 5 (cinco) vezes tal patrimônio? Caixa dois? Sobras de campanha? Dinheiro não contabilizado? E a Marina, sabia disso?
Diante de tanto amadorismo, despreparo (ou seria má-fé?), cabe questionar: a) é com essa turma tão “preparada” que a candidata pretende gerenciar um país complexo como o é o Brasil, num presumível governo do PSB? b) vamos aceitar isso tudo passivamente? c) somos tão ingênuos?
* José Nilton Mariano Saraiva,
Economista e aposentado do Banco do Nordeste.