Com o título “A Copa do Mundo e nossa elite reacionária”, eis artigo do jornalista e radialista Francisco Bezerra. Ele traz o certame para o debate, pós-goleada histórica sofrida pelo Brasil (7 a 1, da Alemanha), fala da elite conservadora e da falta que faz uma reforma política no País. Confira:
“A pátria é nos lugares onde a alma está acorrentada.” Voltaire, filósofo francês.
As ofensas a Dilma na abertura da Copa e no jogo em que o Brasil foi desclassificado pela Alemanha, em pleno mineirão com goleada histórica, ainda ressoam nos ouvidos dos brasileiros educados, hospitaleiros, alegres e festeiros como uma agressão asselvajada. Ainda ecoa por este imenso território pátrio o vozerio da velha imprensa amaldiçoando a competição entre nações que ocorre a cada 4 anos. A floresta amazônica, a mata atlântica, o cerrado, o pantanal, a caatinga, os pampas são testemunhas da campanha infame contra a Copa.
Não contra a Copa em si. Mas pelo fato de que para nossa elite grotesca, burlesca, bufona, caricata o campeonato entre seleções se dá em pleno governo do PT e perjurar o governo do PT – governo que me abstenho de fazer juízo de valor para garantir isenção ao artigo -, é tarefa cívica, patriótica para os “bens nascidos”. Assim como foram as campanhas difamantes contra Getúlio, Juscelino e Jango.
Para estes estamentos, pouco importa que o sucesso na organização de um evento que mexe com o planeta inteiro possa alavancar a autoestima de um povo que ainda traz na alma a insígnia da dor da escravidão. Traz no DNA as marcas indeléveis das desigualdades sociais, da exploração, da espoliação. Amarga em solo pátrio a desventura migratória por conta dos desequilíbrios regionais.
O fosso entre quem tem muito e quem não tem nada é muito largo. E que elite é esta que tem como principal característica o entreguismo desbragado e o preconceito atávico? Nós temos a elite intelectual que se encontra nas academias e que pensa o hoje e o amanhã de um país sobre vários prismas. A outra elite, a econômica, só olha para o próprio umbigo, é preconceituosa e reacionária. Para ela, o país são os seus interesses mesquinhos. A pátria é o acúmulo de capital que ergue fortunas colossais e deixa milhões de brasileiros na mais absoluta miséria.
É pertinente a análise de fundo do jornalista Bepe Damasco. Diz ele: “A história do Brasil mostra que sempre que governos populares ousam reduzir a vergonhosa desigualdade social brasileira a mídia não mede esforços para desgastá-los e, se possível, derrubá-los, recorrendo a campanhas sistemáticas para taxá-los de corruptos. foi assim com o “mar de lama” que levou Vargas a dar um tiro no peito.” Bepe continua: “Foi assim na campanha para impedir a posse de Jango, em 1961. Foi assim no golpe civil-militar de 1964. Foi assim com Lula. Tem sido assim com Dilma. Só que esse moralismo udenista é seletivo. Só serve como instrumento de luta política contra a esquerda e seus aliados. Já em relação a denúncias envolvendo políticos e partidos de sua preferência, os barões da mídia se calam, como no escândalo do metrô e dos trens de São Paulo.
E por que o monopólio midiático se opõe à reforma política, mesmo sabendo tratar-se do remédio mais eficaz para combater a corrupção ?” Por fim, o brilhante jornalista sentencia: “Todos se lembram que, no auge das manifestações de junho do ano passado, a presidenta Dilma enviou à Câmara dos Deputados um projeto de reforma política, com plebiscito e Constituinte exclusiva. Rapidamente a aliança entre a maioria conservadora do Congresso nacional e o pig cuidou de sepultar a mensagem da presidenta. Os deputados deixaram claro que até aceitavam, num futuro incerto e não sabido, examinar um projeto de reforma política. Desde que sob o controle absoluto deles e, sobretudo, sem participação popular, sem povo.” Faço da dele a minha análise.