Em artigo no O POVO deste sábado (5), o professor do Instituto de Cultura e Arte da UFC, Jamil Marques, avalia os desafios das candidaturas Camilo Santana e Eunício Oliveira. Confira:
É inegável que a indicação de Camilo Santana (PT) para disputar o Governo do Estado surpreendeu. Também é fato que a decisão de Cid Gomes em bancar um candidato filiado ao Partido dos Trabalhadores gerou uma série de custos políticos locais e nacionais.
Mesmo que a opinião de Luizianne Lins tenha contado pouco ou nada no processo que resultou em um nome do próprio PT, o contrapé será inevitável caso a ex-prefeita vá de encontro a um colega de partido. Mas há algo em que ela está correta: os petistas cearenses precisam refletir sobre seus rumos, a fim de apagar a impressão de que foi o Pros a determinar se o partido da presidente teria ou não candidato – e quem seria. Na convenção que ratificou o registro de Camilo, até o vermelho sumiu do banner.
Eunício Oliveira, por sua vez, sempre desconfiou do próprio favoritismo. Quis estabelecer uma data para que agremiações de maior peso manifestassem inclinação à sua candidatura. Contudo, foi o peemedebista quem teve de esperar a cartada de Cid. Agora, a esperança do senador é conseguir, pelo menos, a neutralidade da presidente Dilma – o que também parece improvável. As reclamações dos peemedebistas já estão em campo, apontando a incoerência partidária dos Ferreira Gomes (como se o PMDB fosse um poço de virtudes ideológicas) e a suposta “traição” a alguém que foi aliado até poucos meses atrás. Ora, querer sair de “ludibriado” a uma altura dessas é sinal de que Eunício não tem administrado bem as alianças.
Os apoiadores de Cid, por sua vez, ficaram divididos entre a aceitação do petista, a inconformidade silenciosa ou a divergência pública (mas ponderada). Sabem que o grupo liderado pelo governador obteve vitórias importantes nos últimos anos: Cid conseguiu combinar a reeleição em 1º turno com a hegemonia na Assembleia Legislativa. Somando isso ao apoio firme do prefeito de Fortaleza, o atual governador vive um cenário que não foi experimentado nem mesmo por Tasso Jereissati.
Encerradas as convenções partidárias, resta saber qual será a influência de dois candidatos fortes ao Governo do Estado na decisão de voto dos cearenses para a Presidência.