Em artigo no O POVO deste sábado (21), o jornalista Luiz Henrique Campos avalia o esvaziamento dos protestos aguardados na Copa. Confira:
O Brasil é mesmo surpreendente. No ano passado, mais ou menos por esse período, vivíamos quase uma ebulição social em vista dos protestos que tomaram conta das principais cidades do país. Na época, uma sensação de perplexidade dominava o noticiário da imprensa, sem que analistas que sabem de tudo, conseguissem explicar o que estava acontecendo. Para alguns, o povo despertara da letargia que o dominou por muito tempo. Para outros, era a classe média mal agradecida com o governo por ter promovido a ascensão da classe baixa, lhe tirando os privilégios.
O fato é que ninguém, ao certo, sabia explicar os rumos de um movimento surgido muitas vezes nas redes sociais, mas que carecia de elaboração clara. O resultado foi que em pouco tempo se perdeu o rumo dos protestos, a partir da utilização desses movimentos por grupos interessados em confrontar o estado insuflando à violência. Não faltaram os defensores desses grupos, jogando para as forças policiais a responsabilidade pelos atos desmedidos de força, sem levar em conta que o que interessava mesmo às supostas vítimas era desgastar o estado através da imagem policial como instrumento de repressão.
É claro que em muitos casos a polícia agiu além de suas prerrogativas, mas a provocação levada a cabo por alguns manifestantes tinha o objetivo claro de desestabilizar. Mas se para muitos formadores de opinião os atos de força partiam somente da polícia, ignorando a tática dos grupos violentos de provocar por provocar, não era difícil identificar no cidadão comum a repulsa a esse tipo de joguete ideológico.
Após uma semana de Copa, o que se vê é que os protestos previstos para o período têm sido um fiasco, tanto de público, como de crítica. Aquele mesmo povo que se animou no ano passado e usou as manifestações como catarse, compreendeu o seu papel e não mais aceita a manipulação, nem a farsa da violência pela violência.