A intensificação da presença de visitantes, tanto do exterior quanto nacionais, nas 12 cidades-sedes que abrigarão os jogos da Copa do Mundo traz consigo uma preocupação que não pode ser deixada de lado, que é a possibilidade da exploração sexual de crianças e adolescentes. Infelizmente, apesar dos esforços empreendidos no sentido de combater esse problema no País, continuamos extremamente vulneráveis dado a diversos fatores que vão da desagregação familiar às dificuldades inerentes a condição social desses jovens. Fato que se agrava com a realização de grandes eventos, como é o caso da Copa do Mundo. De acordo com levantamento produzido pela John Snow Brasil Consultoria, por exemplo, entre os anos de 2008 e 2010, a cada 370 turistas estrangeiros que chegaram a Salvador, uma denúncia foi feita ao Disque 100. Já em São Paulo, era preciso a entrada de 2.567 turistas para que houvesse o aumento de uma denúncia ao serviço, quase dez vezes mais que na Bahia.
O estudo indicou ainda o Nordeste como a região do País mais vulnerável à exploração sexual, que também levou em consideração a relação entre a renda per capita e o número de denúncias de exploração por grupo de 100 mil habitantes.
Os principais fatores estão ligados à renda familiar e aos índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Os números de exploração sexual confirmam essa realidade, já que o Nordeste é a região com maior número de casos, com mais de 37% do total, de acordo com dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH).
É preciso, portanto, que haja uma ação ostensiva no enfrentamento desse quadro, como bem disse a presidente Dilma Rousseff, ao defender tolerância zero contra a violação de direitos da infância, especialmente no contexto de grandes obras e eventos. Nesse sentido, ações concretas já foram tomadas pelo governo brasileiro, como a edição de uma portaria impedindo a entrada de pessoas que estejam em listas internacionais de violência sexual. De nada adiantarão essas medidas, todavia, sem a colaboração da sociedade denunciando e cobrando o poder público.
(O POVO / Editorial)