“Mesmo diante da resistência de aliados, o Governo Federal encaminhou ao Congresso ontem a mensagem para o plebiscito da reforma política com temas polêmicos, que dividem e trazem desgaste aos parlamentares. A lista de sugestões da presidente Dilma Rousseff (PT) para a consulta popular inclui financiamento de campanha (público, privado ou misto), o tipo de sistema eleitoral com voto proporcional ou distrital, o fim das coligações partidárias, o fim da suplência de senador e também o fim do voto secreto no Congresso.
Contudo, há muita resistência em fazer a reforma política por meio de um plebiscito. Ontem, numa reunião na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ficou claro que o PMDB, um dos principais aliados do Governo, vai se colocar contra o plebiscito na Câmara.
De acordo com o deputado federal Danilo Forte (PMDB), a bancada de sua sigla entendeu que o clamor das ruas cobra mudanças imediatas do ponto de vista administrativo e econômico. “Plebiscito não responde a nenhuma dessas questões. Deveria haver redução do número de ministérios pela metade. É inadmissível que se gaste R$ 611 bilhões de reais com o custo da máquina pública”.
Segundo ele, a bancada do PMDB aprovou uma nota, que será ainda submetida à executiva da sigla, com propostas a serem levadas à presidente Dilma. Entre as propostas, a destinação de 10% da receita bruta para a saúde; debate sobre a redução da maioridade penal; discussão sobre pontos da reforma política que podem ser votados na Casa, adiantando o processo. “Sempre é bom escutar a população, mas não vi nenhuma placa na rua pedindo reforma já, plebiscito já”.
Para o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB), a mensagem enviada por Dilma não trata da essência dos partidos políticos. Ele também defende a redução dos ministérios pela metade. “Estamos vivendo uma crise no pacto federativo, de gestão, constitucional, com poderes interferindo em outros poderes. Essa proposta de plebiscito é inócua e vai consumir R$ 500 milhões”.
“Visão pequena”
O deputado federal José Guimarães, líder do PT na Câmara, afirmou que a proposta de reduzir o número de ministérios é periferia e tática de oposição, ainda que proposta por partido da base aliada. “Isso é visão pequena, que não dá conta do que está acontecendo no país”.
Segundo ele, o PT vai propor três questões centrais para o plebiscito: sistema eleitoral; financiamento de campanha; fidelidade partidária como cláusula pétrea. “A proposta do plebiscito é central para quem quer fazer uma reforma política democrática. Parte do princípio de que todo poder emana do povo”, defendeu.”
(O POVO)