
Com o título “A Ponte Estaiada serve aos interesses de quem?”, eis artigo do líder do PT na Câmara Municipal, Deodato Ramalho, que está no O POVO desta segunda-feira. Ele promete ir ao Ministério Público contra esse projeto, considerado por ele desnecessário, mas aprovado dentro de pacote de obras aprovado pela maioria da Casa. Confira:
A Câmara Municipal aprovou PLC do prefeito, para atender à vontade do governador, alterando a legislação do sistema viário da cidade para permitir a construção da Ponte Estaiada. Tudo em regime de urgência, impedindo qualquer debate. Mesmo com menos impacto ambiental que o das pontes convencionais, a obra impactará fortemente o Cocó. O EIA/Rima prevê a retirada de 1,47 hectare de mangue e de mais 8,09 ha. de vegetação de dunas. Serão diretamente afetadas as APPs do manguezal do rio Cocó, a faixa marginal do curso de água do rio com 50 metros de largura e dunas com cobertura vegetal.
Toda essa agressão ao Cocó seria feita para melhoria do trânsito no sistema Sebastião de Abreu/Washington Soares. Como se não existissem alternativas bem mais baratas, menos danosas ao meio ambiente. A Washington Soares é reconhecidamente uma via saturada. Mas todas as alternativas de solução para o trânsito daquela área devem levar em conta a construção de vias paralelas à Washington Soares, e não o que há na Ponte Estaiada.
A ponte está projetada para começar nos arredores da Cidade Fortal, seguindo em direção ao Palácio Iracema. Quem fizer esse percurso chegará em uma rotatória entre o Palácio Iracema e o Centro de Feiras e Eventos. No projeto essa rotatória ficará na avenida Juarez Barroso, via que hoje finaliza no Palácio Iracema e se estende até o Centro de Feiras.
É fácil constatar que a ponte vai aliviar parcialmente o trânsito da Sebastião de Abreu. E todo seu trânsito será jogado na Washington Soares, justamente a via mais saturada. Se a intenção era melhorar o trânsito, bastaria prolongar a avenida Juarez Barroso, integrando-a ao sistema viário do Sítio Colosso.
Outra opção “esquecida” pelo prefeito é a do prolongamento da avenida Miguel Dias, projeto elaborado na gestão da Luizianne Lins. E a um custo que não chega a R$ 7 milhões; sem dano nenhum ao meio ambiente, numa via que se estendida nos levaria do Shopping Iguatemi até a Oliveira Paiva.
Lamentavelmente, teremos que recorrer ao Ministério Público para, ao menos, garantirmos alguma discussão fora dos gabinetes palacianos, já que o Executivo comandou a sua ampla maioria para impedir a mera apresentação do projeto na Câmara.
Enfim, a ponte é desnecessária! Serão gastos R$ 298 milhões para enfeitar o Centro de Eventos. Fica a pergunta: se agride o meio ambiente e se não resolve o problema de trânsito da cidade, a ideia da ponte vai servir para quê? Vai atender aos interesses de quem?
* Deodato Ramalho
Vereador e líder da bancada do PT.