Com o titulo “Com quantas trapalhadas se faz uma agenda”, eis tópico da Coluna Política, de Érico Firmo, no O POVO desta terça-feira. Ele aborda a postura do governador Cid Gomes (PSB) com relação ao caso da queda de fachada do Hospital Regional do Norte, em Sobral. Confira:
Inacreditável como o governo Cid Gomes (PSB) consegue transformar aquela que talvez seja a mais interessante entre todas as suas ações – a construção de rede de hospitais nas várias regiões do Estado – em fonte permanente de desgaste, com destacada repercussão nacional. Dificilmente haveria alguém contra a instalação, inédita, de tais equipamentos no Interior. Mas o staff estadual tem alcançado o espantoso feito de transformar o que seria quase unanimidade em monumental agenda negativa. Começou com a inauguração do hospital em Sobral, sem funcionários e que só estaria pronto para funcionar plenamente dentro de quatro meses. Unidade essa que leva o nome do pai de Cid, localizada na cidade em que o governador nasceu e à qual administrou por oito anos. Pois tal inauguração para inglês ver teve a luxuosa presença de Ivete Sangalo, ao custo de R$ 650 mil. Pagamento esse questionado pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público de Contas. Agora, a um dia do aniversário de um mês do lançamento estapafúrdio, a fachada veio abaixo e feriu trabalhador. Para coroar o enredo, o operário precisou ser levado à Santa Casa de Misericórdia, pois o Hospital Regional não tinha condições de atendê-lo. Patético do começo ao fim.
Desta vez não dá para culpar os procuradores, tampouco perseguição política ou vontade de aparecer de quem quer que seja. A responsabilidade foi atribuída à chuva. Para Estado cujo maior problema tem sido a seca há mais de um ano, é o tipo de reclamação que não pega nada bem. De mais a mais – recém-inaugurada ou não, em funcionamento ou não – a estrutura precisa suportar chuva, vento, até tremores de terra que vire e mexe atingem Sobral. Salvo a queda de meteoro como o que atingiu a Rússia outro dia ou algo do tipo, não há explicação razoável. Resta apenas pedir desculpas à população e rever se não há outras falhas prestes a se transformar em acidente.
A parte positiva nisso tudo é que o Governo do Estado não tentou justificar o injustificável. Fez a cobrança devida às empresas contratadas sobre o que ocorreu e exigiu a vistoria sobre as condições das demais marquises do hospital, justamente para se certificar de que o incidente nãos e repetirá. Em circunstâncias do tipo, o instinto – tão natural quanto inútil – costuma ser a defesa do indefensável. O correto, de fato, é reconhecer o erro que está patente para todo mundo ver. Por um lado, o Estado não pode se eximir de culpa, pois foi nele que a população votou e é a ele que devem ser dirigidas as cobranças. Além do que, seria o governo que faturaria politicamente se tudo corresse às mil maravilhas. Por outro lado, o poder público é, também, vítima do serviço, ao que tudo indica, mal feito. A bem do interesse do povo que representa, tem o dever de cobrar explicações e soluções de quem contratou pagando caro.