Com om título “A vida, a água e o meio ambiente”, eis artigo do presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Roberto Macedo. Ele aborda as consequências da estiagem que castiga o Estado, que se repete ao longo dos anos. Mas ele destaca ações governamentais e observa que a convivência com a seca sempre foi e será viável. É questão de educação. Confira:
Estamos mais uma vez vivenciando os efeitos negativos que resultam das nossas peculiaridades climáticas e das históricas deficiências da nossa maneira de tratarmos a irregularidade de chuvas no semiárido brasileiro. A situação da estiagem no Ceará é tão grave que, na semana passada, o governador Cid Gomes precisou decretar situação de emergência em 96% dos nossos municípios.
Mesmo em Fortaleza, onde o problema não é tão grave quanto no interior, dá pena ver o lixo ocupando o lugar das águas nos riachos da cidade, como o Maceió, o Parreão e o Pajeú, este último, símbolo do lugar onde nasceu a nossa capital. Para mim, dói também ver carros-pipas subindo o Maciço de Baturité para abastecer municípios que sempre foram admirados pela abundância de suas nascentes fluviais.
Muitos esforços já foram e continuam sendo feitos para mitigar os impactos das secas. A construção de açudes, iniciada ainda no império, com o Cedro, seguida de tantos outros, a exemplo do Orós e do Castanhão, a abertura de canais, como o do Trabalhador e o Eixão das Águas, e a integração de bacias, nas esferas estadual e regional, demonstram a multiplicidade de alternativas experimentadas na resolução do problema.
A iniciativa mais recente envolvendo a importância da água, como insumo essencial para a vida e para o bem-estar das pessoas, é o lançamento do programa “Mais Irrigação”, feito no último dia 13, pela presidente Dilma Rousseff, que prevê investimentos públicos e privados da ordem de R$ 10 bilhões para estimular a produção de alimentos e biocombustíveis nos estados do Nordeste e do Centro-Oeste.
De grande relevância também é dispormos de um novo Código Florestal, resultante de um processo negociado entre os diversos segmentos da sociedade e do poder público, que pode cumprir um importante papel na contenção dos desmatamentos, na recomposição da cobertura vegetal, na recuperação de mananciais, dentre outras ações necessárias para assegurar o abastecimento presente e futuro do líquido da vida.
Observando bem, acumulando água e viabilizando o seu deslocamento, dispondo de recursos com financiamento subsidiado e disponibilizando tecnologias adequadas, e contando com um arcabouço jurídico apropriado ao trato correto das questões ambientais, resta-nos colocar essas coisas em convergência, capturando ao máximo as sinergias que elas podem proporcionar.
A água é um bem de abundância. A superfície do planeta é formada por dois terços de água. Diferentemente do petróleo, que é uma riqueza transitória, a água, considerada em todo o seu ciclo, é um recurso inesgotável. O que pode ser crítico em relação à água é a falta de disponibilidade, qualidade e regularidade.
O problema não é, portanto, de falta de água. O que ainda falta mesmo é uma cultura que harmonize a relação do ser humano com o meio ambiente, de uma educação que ofereça a compreensão da importância da água para a vida, e de uma gestão que nos habilite a fazer os manejos apropriados para tê-la onde se precisa, nas condições adequadas ao uso que dela se faz, e com a constância requerida.
Roberto Macêdo
roberto@pmacedo.com.br
Empresário.