“Ficará para a gestão do prefeito eleito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PSB), a responsabilidade de encontrar uma solução para o caos no trânsito da Aldeota. Ontem à tarde, a administração da prefeita Luizianne Lins (PT) anunciou a desistência de implantar um sistema binário nas principais vias do bairro e de restringir a circulação de carros na rotatória da Praça Portugal.
O recuo deu-se após o setor lojista da região pressionar. Transformar as avenidas Desembargador Moreira, Dom Luís, Santos Dumont e Senador Virgílio Távora em mão única e permitir somente a entrada de transporte público na praça representaria prejuízo para os comerciantes com a chegada das compras de fim de ano. O Natal é o segundo período mais lucrativo para o setor, que só fatura mais no Dia das Mães.
Pedidos de adiamento das medidas foram feitos por diversas entidades empresariais e oficializados à Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC). “Entendíamos que seria benéfico. Mas, diante do apelo e por uma questão de responsabilidade, vamos continuar os estudos e deixar para a próxima gestão. A gente acata porque as pessoas não teriam tempo de se acostumar até a época de compras”, argumentou o presidente da AMC e da Etufor, Ademar Gondim, durante reunião com a categoria.
Os empresários criticaram não apenas o período escolhido pela Prefeitura para o início da vigência do binário e da restrição. Discordaram também do projeto em si. “Temos que exigir do poder público soluções definitivas, como um túnel ou um viaduto (na Praça Portugal). O comércio passa por um momento difícil e precisa compensar em novembro e dezembro. Medidas tão radicais (binário e restrição) gerariam um caos”, ponderou o vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Alberto Farias. “Por enquanto, não é algo bem-vindo. Queremos discutir a partir de fevereiro e fazer algo a quatro mãos”, acrescentou o superintendente do Shopping Aldeota, Oscar Cesarino.
A proposta de um túnel na Praça consta no plano de governo de Roberto Cláudio. Entretanto, é contestada por Ademar Gondim. “Um problema sempre tem várias soluções. Não existe alternativa técnica ideal. Mas eu, particularmente, não faria túnel. Seria caro e geraria enormes impactos”.
(O POVO)