Com o título “Insígnia da virtude”, eis artigo do jornalista e radialista Francisco Bezerra em homenagem à memória do querido Lustosa da Costa (Lustosão) que, a partir das 19 horas desta quarta-feira, será lembrado com missa na Igreja do Cristo Rei. Confira:
Lustosa da Costa. Tive a honra de privar da amizade de um personagem raro entre o gênero humano. Altaneiro, reto e fiel. Fiel aos seus princípios e amigos. De uma sinceridade cortante como estilete novo. Não tinha medo do embate de ideias, nem se quedava ante a sanha de adversário algum.
Acreditava com firmeza em seus sonhos e ideais. Eu diria que em tempos bicudos como os que vivemos, era bálsamo a penetrar em íntimo de cada um que ao seu derredor transitava. Jornalista de escol usou talento e notoriedade para espraiar mundo afora a sua Sobral, sobranceira cidade a povoar imaginário por toda curta existência. Afinal, 74 anos para Lustosa é tenra infância. É tempo meteórico ante marcante personalidade a dignificar o exercício da virtude aristotélica.
Que peça nos prega a vida. Que trágico acontecimento para quem como eu desfrutava de sua companhia em idas e vindas Brasília/Fortaleza. Sinto sua partida como aquele livro bom, que ao terminar de ler deixa na gente a impressão de como foi curta a leitura. Aquele gosto de comida caseira que ao degluti-la toda fica a gula de quero mais.
Lustosa foi um guerreiro de valentia nórdica. Desassombrado como Gengis Khan ou mesmo Alexandre da Macedônia que não via limites em seu império. O império de Lustosa, no entanto, era bem outro. Império de argamassa moral, erguido à sombra de formação humana familiar. A escola, a academia limaram caráter sem jaça e lhe abriram as portas do mundo ombreado a gênio como Saramago.
Escriba honesto nunca maculou sua profissão, rendido ao vil metal como se vê corriqueiramente entre tantos que habitam o mundo da comunicação social. Um homem rusticamente generoso que usou a palavra para a doutrina do bem. Dele fica o exemplo. E que belo exemplo de coerência, coragem e firmeza em suas convicções. Um feroz amigo dos amigos que para ele não tinham defeito.
Certamente o rio Acaraú será o rio de toda nossa aldeia ao receber as cinzas de ínclito filho de suas águas. Que elas batizem todos os homens de boa vontade do nosso chão árido em porvir.
* Francisco Bezerra,
Jornalista, radialista e professor.