
Da coluna Política, no O POVO deste sábado (29), pelo jornalista Érico Firmo:
As pesquisas divulgadas por Ibope e Datafolha, à primeira vista, parecem antagônicas em relação aos desempenhos de Elmano de Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PSB). Os números são quase idênticos, só que ao contrário.
A diferença não é desprezível, de forma alguma. Entretanto, no que é fundamental, os institutos coincidem: os dois candidatos estão tecnicamente empatados em primeiro lugar. E aí entra um aspecto crucial em qualquer análise: a margem de erro. Nenhuma pesquisa pode ser observada sem levar esse elemento em conta.
Os institutos captam as intenções de voto a partir de amostras. Da mesma forma como não é preciso colher todo o sangue do paciente para realizar um exame, também não há necessidade de ouvir todos os eleitores para conhecer as tendências da eleição. Evidentemente, a complexidade do organismo humano é de natureza diversa da observada na vida em sociedade.
Há diversos parâmetros da ciência estatística usados na definição da amostra para aferir as intenções de voto. E, evidentemente, a possibilidade de acerto cresce quanto maior a quantidade de eleitores pesquisada.
Ainda assim, os institutos não possuem níveis de exatidão a ponto de oferecer percentuais exatos. Há sempre um intervalo no qual o número pode oscilar. Essa é a margem de erro. No caso dos últimos Datafolha e Ibope, a variação foi de três pontos percentuais, para mais ou para menos. E o resultado pode estar em qualquer índice desse intervalo. Os candidatos podem estar tanto três pontos acima quanto três pontos abaixo. Isso precisa ser considerado, sob pena de leitura tremendamente equivocada.
Por essa razão, chegou a ser risível a comemoração dos apoiadores de um candidato e outro ao aparecerem um ou dois pontos na frente do adversário em levantamentos anteriores.
Nesses casos, até existe o efeito simbólico do resultado para a militância, mas o fato objetivo é que ambos estavam absolutamente embolados. E, diante dos números de Datafolha e Ibope, o empate persiste entre Elmano e Roberto Cláudio, consideradas as possibilidades de variação para mais ou para menos. No primeiro caso, Elmano pode ter um percentual mínimo de 21%, enquanto Roberto Cláudio pode alcançar um máximo de 22%. No Ibope, o concorrente do PSB pode estar num patamar mínimo de 22%, enquanto Elmano pode ter 24%.