Eis artigo da professora e jornalista Adísia Sá, no O POVO desta terça-feira. Com o título “Debates eleitorais”, ela avalia a postura dos candidatos a prefeito de Fortaleza nos últimos embates televisivos. Confira:
Dou o maior valor aos debates: é oportunidade para os candidatos se apresentarem ao público. Nestes momentos percebemos o estado de espírito de quem cobiça e persegue nosso voto. Há os nervosos, não sabendo o que fazer com as mãos, buscando instruções no bolso…
Mas, se as aparências chamam nossa atenção, maior é a nossa percepção em relação ao que dizem os candidatos. Afinal, quem são eles? Sei que as suas falas são elaboradas pelos assessores – profissionais ou partidários – mas em relação às perguntas de seus opositores nem sempre a resposta corresponde ao que realmente eles pensam. Daí, então, a nossa pergunta: quem é quem?
Cada um de nós tem mais ou menos firmado o perfil de seu candidato, mas os debates pelo rádio e pela TV são importantes neste momento, principalmente se a resposta não for tirada do bolso. Também sei que as perguntas são mais ou menos previsíveis, daí as respostas trazidas por eles, mas há surpresas. Por exemplo: o que o senhor fazia antes de ser candidato? E há aquelas dirigidas diretamente a este ou àquele candidato. Por exemplo, a Moroni: “o senhor, convocado por sua igreja, pedirá licença e irá ao encontro de quem lhe convoca?” Pergunta pertinente, considerando a ligação estreita que Moroni tem com sua religião. Não por menos passou três anos em Portugal cumprindo determinação superior.
A Elmano não faltará a indagação: “o senhor terá diretrizes próprias ou simplesmente seguirá as regras do PT ou de sua patrona, a prefeita Luizianne?” Por falar em Elmano, ainda não senti firmeza em suas colocações: tudo me parece muito decorado, passado pelo crivo censor de seus diretórios.
Marcos Cals, com jeito de quem gosta de conversar de igual-para-igual, não lança mão de seu passado sem mancha, nem apela para a tradição política e pública da família- simplesmente papeia com as pessoas.
Heitor Férrer é Heitor Férrer: tem história. Inácio Arruda, insatisfeito com o mandato de senador? Me poupe… Renato Roseno é um jovem em busca de seu espaço e, cavalgando, cavalgando, vai chegando lá. Roberto Cláudio anda em boas companhias, sem dúvida: resta-nos esperar se darão ou não frutos doces ou amargos. Noutra oportunidade escreverei sobre os menos falados. Afinal, estou “assuntando”.
Fica a pergunta: debate decide voto ou aumenta as dúvidas na nossa cabeça?
* Adísia Sá
adisiasa@gmail.com
Jornalista.