Que a greve geral de motoristas e cobradores de ônibus, marcada para iniciar na próxima terça-feira, 19, vai alterar a rotina dos usuários, todo mundo já sabe. Para a desempregada Rose Oliveira, 25, porém, a situação é ainda mais complicada. Além de prejudicar o próprio deslocamento, a falta de ônibus dificulta o do filho, que é especial. Com um ano e 11 meses, Gabriel nasceu com paralisia cerebral e cardiopatia.
Rose e Gabriel moram no bairro Aerolândia, mas duas vezes por semana a mãe leva o pequeno de coletivo até o Edson Queiroz, onde a criança passa por sessões de fisioterapia. Semanalmente, Gabriel recebe também o acompanhamento de uma nutricionista, na Cidade dos Funcionários, e é consultado por um neurologista na avenida José Bastos.
“Fiquei bem assustada quando soube da greve. É a primeira pela qual passo junto do meu filho especial”, relata a mãe. O jeito vai ser “economizar daqui e dali” para pegar um táxi: “Mas nem toda vez a gente consegue. Aí entra a minha avó, que ajuda pagando táxi, ou meu tio, que pode dar carona”.
Táxi, mototáxi, van, carona de amigos e familiares e, até mesmo, transporte clandestino. Durante a greve, usuários procuram alternativas. Enquanto o Sindicato dos Mototaxistas de Fortaleza (Sindimotofor) estima realizar, no período, o dobro de corridas, o Sindicato dos Taxistas da Capital (Sinditáxi) prevê 50% a mais no faturamento diário de cada taxista. “A nossa missão é não deixar que o usuário se prejudique com a greve”, reforçou o presidente em exercício do Sinditáxi, Pedro Alves Cabral.
De acordo com Cabral, na bandeira um, o trecho de 1,8 km rodado sai por R$ 3,62. Na bandeira dois, que vigora entre 20 horas e 6 horas da manhã, a mesma distância percorrida custa R$ 2,83.
A Etufor faz o alerta: o taxista ou mototaxista que for flagrado cobrando valor superior à tarifa poderá ser punido. “O indicado é que o usuário anote a placa e o número do veículo e denuncie. Quanto mais elementos possa pegar, melhor para que a gente possa fazer a apuração”, orienta o presidente do órgão, Ademar Gondim. Por não existir valor tabelado para mototaxista, a Etufor recomenda que o usuário “pague o que achar justo”.
Quem optar por apanhar ônibus durante a greve deve evitar os horários de pico, aconselha Gondim. Sobre transportes clandestinos, ele diz que, por ser uma situação de excepcionalidade, a Etufor “entende que há uma carona solidária”. Ele informou que não haverá fiscalização do órgão no combate à prática clandestina durante a greve.
(O POVO)
Vamos nós – No mínimo, constrangedora a posição da Etufor. Não por trabalhar com a perspectiva de greve, mas por admitir fazer vistas grossas ao crime dos chamados “clandestinos”, como forma de aliviar a falta de atitude da Prefeitura no impasse entre empresários e Sintro. Outra, vai coibir abusos de taxistas e mototaxistas. Porém, deveria verificar quanto os “clandestinos” cobram aos indefesos usuários do transporte público.