Eis o Editorial do O POVO desta terça-feira. Aborda o fim da novela PSB/PT, onde os socialistas, revoltados com a indicação de Elmano de Freitas, decidiram lançar candidato próprio. Essa situação mostra certo conflito de visão sobre desenvolvimento, diz o texto, torcendo por uma disputa civilizada. Confira:
Conforme se prenunciava, a reunião das lideranças do PSB, ontem à noite, tendo à frente o governador Cid Gomes, para definir a posição dos socialistas na disputa eleitoral para a Prefeitura de Fortaleza, terminou com o indicativo de candidatura própria, não se acatando a proposta de apoio ao pré-candidato do PT, Elmano de Freitas. Assim, embora ainda não formalmente declarado, chega ao final a aliança política até então vigente no Ceará, que possibilitou as eleições e reeleições da prefeita Luzianne Lins e de Cid Gomes.
A explicação dada para a ruptura pelo PSB foi a de que o ciclo representado pela gestão do grupo dominante no PT municipal estava exaurido. O que contraria a tese do PT.
Uma aliança eleitoral, idealmente, faz-se em torno de projetos de governo. Nesse projeto ideal, o nome e o prestígio inicial do candidato são fatores importantes, mas nem sempre determinantes. Valeria mesmo o projeto político, pois a parte técnico-administrativa pode sempre ser suprida por uma equipe executiva habilitada. O que decide são os projetos de governo. Não são neutros, havendo quem perca ou quem ganhe com sua implementação.
Por isso é imprescindível sempre identificar quais os ganhadores e os perdedores.
Não se ignora que o cimento que vinha mantendo a aliança até então vigente, no Ceará, era a questão nacional. O PSB participa do conjunto de forças nacionais que apoiam o governo do PT, no Congresso Nacional. Nesse nível, os interesses são mais elásticos e há maior espaço para acomodações. Em nível local, entretanto, o espaço é mais reduzido e os interesses mais frontais, sendo inevitável o esgarçamento das contradições.
Isso ficou muito claro, por exemplo, no caso da proposta da instalação de um estaleiro na orla de Fortaleza. Naquele momento, evidenciou-se o confronto explícito entre duas visões de desenvolvimento: a tradicional, que marcou a fase industrialista; e a mais contemporânea, que entende o desenvolvimento como subordinado prioritariamente ao interesse social (meio ambiente e qualidade de vida).
Essas duas visões, agora, confrontar-se-ão abertamente. Espera-se que a disputa seja civilizada e o eleitor possa identificar os interesses em jogo, em cada opção, para fazer a melhor escolha para a Cidade.