Cercada de expectativas, a reunião do Comitê Executivo da Fifa, realizada em Tóquio, foi encerrada neste sábado (17) pelo presidente da entidade, Joseph Blatter, sem acusações ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, adversário ferrenho do suíço. Blatter, que nos últimos meses vem realizando reformas para limpar a imagem da Fifa, defendeu especificamente dois integrantes do comitê, afirmando que não há mais suspeitas de corrupção pendendo contra eles: o camaronês Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol, e o tailandês Worawi Makudi. Ao ser perguntado por jornalistas sobre como a Fifa conduzirá as denúncias contra Teixeira, foi sucinto:
– Minha visão é simples. Ele pediu licença até janeiro e até lá não é um membro ativo do comitê executivo. Depois disso, veremos – respondeu Blatter.
O dirigente brasileiro, que não foi a Tóquio para a reunião, pediu licença até 30 de janeiro da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa-2014, alegando motivos de saúde. O afastamento esvazia o clima de guerra entre ele e o presidente da Fifa. Blatter prometera divulgar em Tóquio documentos sobre o caso ISL, empresa de marketing acusada de obter contratos milionários na década de 90 em troca de propinas pagas a executivos da Fifa. Teixeira e João Havelange – que deixou recentemente seu cargo no Comitê Olímpico Internacional – tiveram seus nomes envolvidos no escândalo, assim como Hayatou. Blatter, no entanto, não divulgou o dossiê, alegando ter sido impedido na Justiça por uma das partes envolvidas no processo.
– Queremos reabrir esse caso e fechar, definitivamente, o passado. Nossa meta é olhar para frente e acabar com os boatos. Lamento ter sido impedido de abrir os arquivos, mas acredito que teremos o sinal verde da justiça no ano que vem – declarou.
A Fifa voltou a manifestar preocupação com a realização da Copa no Brasil. A questão principal é o atraso na aprovação do projeto da Lei Geral da Copa, essencial para a organização do Mundial.
– O Comitê está preocupado, mas não em relação a obras. Em todas as Copas, sempre dizem que as estruturas não ficarão prontas, mas elas ficam. Vou assumir isso pessoalmente agora, nas esferas mais altas, e me encontrarei com a presidente (Dilma Roussef) em janeiro ou fevereiro – anunciou.
O secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, reclamou da demora na definição das regras da Copa, mas reconheceu que as obras nas cidades que sediarão os jogos estão avançando, classificando como “muito boa” a relação da entidade com o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
O Comitê Executivo anunciou ainda que o próximo Mundial de Clubes voltará a ser no Japão, mas em 2013 e 2014 o Marrocos será a sede do torneio interclubes. Blatter reconheceu que 2011 foi um ano de altos e baixos para a Fifa – marcado por suspeitas em relação à escolha dos países que sediarão as Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar). Ele também se envolveu em polêmicas, como a declaração de que racismo em futebol pode ser resolvido “com um aperto de mão depois da partida”.
– A decisão de escolher duas sedes da Copa ao mesmo tempo não foi a melhor – confessou, acrescentando, porém, que não é possível voltar no passado, nem viver de arrependimentos. – Vamos restaurar a credibilidade da Fifa. Lamento algumas coisas, mas tenho energia para seguir adiante meu mandato até 2015.
O suíço anunciou ainda os nomes que compõem o Comitê Independente de Governança da Fifa – organismo criado para tornar mais transparentes e éticas as decisões do órgão máximo do futebol mundial, chefiado pelo professor Mark Pieth, especialista em medidas anticorrupção. Não há brasileiros entre os nove membros.
(O Globo)