Uma comissão formada por quatro vereadores visitou no início da noite desta quarta-feira (16) as dependências do Instituto Doutor José Frota (IJF), como forma de verificar denúncias de equipamentos quebrados e falta de qualificação no atendimento.
Por mais de duas horas, os vereadores Plácido Filho (PDT), Vítor Valim (PHS), Toinha Rocha (PSOL) e Mairton Félix (DEM) percorrem vários setores do maior hospital de emergência do Estado e constataram a quebra dos dois tomógrafos do IJF, além de dois dos três aparelhos de endoscopia e dois dos 14 aparelhos de raio X.
A comissão ainda constatou o comprometimento do sistema de ventilação do hospital, a deficiência no atendimento e o excesso de macas nos corredores da Emergência.
“A endoscopista do IJF também trabalha no Hospital César Cals. A diferença é que no César Cals a médica realiza até 15 exames ao dia, enquanto no IJF os exames chegam no máximo a seis, em um plantão de 12 horas”, comentou o vereador Plácido Filho. “O problema não é somente a existência de um aparelho para exame, mas, principalmente, a falta de qualificação das equipes do IJF. A própria médica afirmou que, no IJF, ela é responsável não só pelo exame, como ainda pela lavagem das mangueiras e pela escova do aparelho”, completou.
Já o vereador Vitor Valim criticou o número de macas nos corredores que ficam próximas a janelões com grades. “Quando chove, pacientes ficam expostos à chuva. É preciso afastar as macas e o imprensado fica ainda maior”, disse o vereador, que observou também a quantidade de presos em meio a pacientes. “A prefeita mandou fechar a enfermaria xadrez. Agora, presos ficam em meio a cidadãos”, ressaltou.
De acordo com o diretor da Emergência, Messias Simões, o IJF ficou sem o exame de tomografia, diante de um problema com o fabricante dos equipamentos. “A segunda máquina parou hoje (quarta-feira, 16) pela manhã, por um problema de vedação. Mas o fabricante quer que a gente fique enviando peças do tomógrafo, como forma deles testarem por lá”, reclamou o diretor.
203 mortes em 2011
A agricultora Maria Ivani Sousa Vieira, 39, é uma das pacientes nos corredores do IJF. Ela deu entrada há 13 dias, mas se encontra internada há seis, diante de uma infecção na mão atingida por uma serra elétrica.
“Todos os dias eu choro, mais de uma vez ao dia. É muito sofrimento. O pior momento é na madrugada, quando passam as macas com os defuntos e as roupas sujas dos pacientes. Bate um desespero e uma vontade de encerrar a medicação. Tenho também muito medo de pegar alguma doença aqui”, disse a paciente.
A direção do hospital confirmou que, em média, ocorrem quatro óbitos no hospital ao dia. Este ano, ocorreram 203 mortes de pacientes.