
“O PT irá apostar na “demonização” da direita para eleger a ministra Dilma Rousseff para a Presidência da República. Apoiado nos altos índices de popularidade do presidente Lula, o partido quer retomar o seu papel de protagonista no debate entre esquerda e direita e polarizar as eleições de 2010 em um duelo entre PT e PSDB.
Segundo a executiva nacional do PT, os desafios do partido para 2010 são a vitória na eleição presidencial e o crescimento da legenda. Cansado de estar a reboque do presidente Lula que, com mais de 80% de popularidade, tem se posicionado acima do partido que o elegeu, o PT quer reconquistar a posição de legenda líder das esquerdas políticas no Brasil.
A tendência pode ser observada nos documentos divulgados pela Executiva Nacional petista para servir de base para os debates do 4º Congresso Nacional do PT, que acontece até amanhã (20) no Centro de Convenções em Brasília. Nas propostas de resolução do partido, o PT deixa claro que quer retomar a “luta pela construção de hegemonia política”.
“A luta pela construção de hegemonia política para sustentação de nosso projeto é um dos desafios históricos do PT como um partido que tem como horizonte o socialismo democrático”, diz a executiva nacional no início do documento de 17 páginas. “O ano de 2010 pode significar prosseguimento, o caminho aberto por Lula, ou a volta ao modelo neoliberal”, afirma.
Eleições
A intenção de polarizar as eleições entre PT e PSDB é clara no documento petista. Na campanha eleitoral deste ano, o PT pretende reforçar que estarão em jogo “dois projetos distintos e opostos para o Brasil”: de um lado, o projeto “neoliberal”, representado pela aliança PSDB, DEM e PPS, e de outro “o projeto popular implementado por Lula”, encabeçado pelo PT e aliados.
“Eles representam a política que quebrou o Brasil três vezes, que privatizou, desempregou e desencantou o povo brasileiro. (…) Nós representamos as medidas que geraram crescimento, infraestrutura, desenvolvimento social, 11 milhões de empregos, redução da pobreza e da desigualdade”, diz o documento.
Como estratégia da campanha eleitoral, o PT pretende utilizar neste ano tática quase oposta à usada na campanha eleitoral de Lula em 2002. Na época, o partido assustava os setores conservadores. Assim, a campanha teve como mote a garantia de que o PT daria continuidade à política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso. A ideia era, em vez de marcar diferenças, ressaltar as semelhanças de FHC com o “Lulinha paz e amor”, centrando a diferença na promessa de um governo que não daria espaço à corrupção. Depois do mensalão, a possibilidade de se trabalhar a honestidade como diferença esgotou-se. Mas o avanço das políticas sociais no governo Lula permite ao PT trabalhar a ideia de que neste ano o partido quer reforçar a ideia de que governos amparados pelo partido têm maior preocupação com os pobres. E que uma eventual derrota de Dilma botará a perder todo esse avanço social. Da tentativa de reforçar semelhanças em 2002, parte-se agora para o discurso de dizer que os projetos do PT e do PSDB são “antagônicos”.
No documento, o PT afirma que para ter “sucesso na tarefa de transformar as eleições em uma disputa de projetos antagônicos” será preciso reforçar as alianças entre partidos de esquerda. No documento, a executiva afirma que a continuidade do projeto de Lula está vinculada à “capacidade de fortalecer um bloco de esquerda e progressista”.”
(Congresso em Foco)