A Prefeitura garante que não adiará mais a retirada dos ambulantes. “Já foi dado um prazo a mais até o fim da alta estação. Se o poder público oferecer mais prazo, contrariando inclusive a recomendação do Ministério Público Federal, precisaremos lidar com um problema maior, que serão mais ambulantes na área e novos protestos”, explica a Secretaria Executiva Regional II, via assessoria.
Além dos vendedores que circulam pelo calçadão, serão retiradas três pequenas feiras que funcionam nos trechos próximos ao clube Náutico, à lanchonete Bebelu e ao Anfiteatro Flávio Ponte. De acordo com a Regional, a medida visa ordenar o comércio na região. O próximo passo, de acordo com a chefe do Distrito de Meio Ambiente da SER II, Mércia Albuquerque, é concentrar pontos de venda de alimentos – milho, pipoca, acarajé – que atendam aos requisitos de higiene e segurança da Vigilância Sanitária e Corpo de Bombeiros.
Triagem
A vendedora ambulante de confecções Maria de Lourdes ficou sabendo, pela reportagem, que teria até o dia 30 para deixar o calçadão. Ela começou a vender no local na semana passada. “Eu torço para que possa continuar vendendo aqui. Já passei pela rua José Avelino, Praça da Sé, pelo Centro. Não tenho outra opção, vou tentar ficar”, diz.
No caso dela, nem o novo espaço oferecido para o artesanato servirá. É que para expor será preciso antes vincular-se ao Siara – que é responsável pela ordenação do novo espaço – e passar por uma curadoria composta por artesãos membros da entidade, dois representantes da SER II e um fiscal da Prefeitura.
Dos 547 artesãos identificados pela Prefeitura, apenas 179 participaram da triagem. “Quem é realmente artesão, passa. A gente não está impedindo ninguém. Agora, muitos que querem se aproveitar dos benefícios que nós temos tentam se passar por artesão. Esses nem vêm, porque sabem que não vão passar”, ressalta a presidente do Siara, Marie Araújo.
Segundo ela, o sindicato está seguindo a mesma linha de triagem do Centro de Artesanato do Ceara (Ceart). “É uma forma de a gente proteger o verdadeiro artesão, daqueles que oferecem trabalhos utilizando produtos industrializados, coisas feitas na china. Isso desvaloriza o trabalho e está matando os artesãos de verdade”, explica Marie.”