“A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira reafirmou à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, nesta terça-feira (18), que teve um encontro particular com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e que a ministra pediu para que a fiscalização feita em empresas da família Sarney fosse acelerada. Negou, contudo, que tenha interpretado o pedido como uma indicação para engavetar as apurações.
Questionada se a solicitação teria sido interpretado pela ex-secretária como uma forma de “deixar pra lá” a fiscalização, Lina negou. “Não foi isso. De forma nenhuma foi isso”, disse. “Eu entendi, das palavras da ministra, que resolvesse logo as pendências, que desse celeridade ao processo”.
Lina Vieira disse que não se sentiu pressionada pela ministra Dilma e acrescentou que o Poder Judiciário fez o mesmo pedido para que o processo de investigação fosse acelerado. A partir disso, a Receita Federal teria reforçado o trabalho de investigação, de acordo com a ex-secretária.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), considerou a questão “encerrada” depois de Lina ter afirmado que “não se sentiu pressionada” pela ministra Dilma. “O entendimento da doutora Lina foi de que não houve nenhum posicionamento de mérito; em nenhum momento a senhora entendeu que era para abandonar o processo. Acho que o que houve foi um grande mal-entendido”, disse Jucá.
No entanto, Lina Vieira contestou o posicionamento do peemedebista. “Não houve mal-entendido: o encontro ocorreu. Eu não entendi porque a ministra negou. Não tem sentido negar que o encontro aconteceu”.
Jucá também minimizou a importância de Lina para uma aceleração nas investigações de Fernando Sarney. “A Receita Federal provavelmente estava levantando dados para a Justiça. Nem a superintendente da Receita nem ninguém teria condições de dar qualquer passo para mudar ou agilizar o andamento das investigações.”
Agenda
Questionada sobre a data do encontro, Lina disse que o encontro não constou de sua agenda oficial nem na agenda da ministra. “Mas eu não preciso de agenda para dizer a verdade. Não vim aqui dizer mentira. Ter ou não ter agenda não vai comprovar a veracidade dos fatos”.
Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia desafiado Lina Vieira a apresentar a agenda dela para provar que teve um encontro com a ministra Dilma.
A ex-secretária esperou mais de duas horas para iniciar seu depoimento e o fez ressaltando que estava na comissão “como cidadã” e que em sua trajetória de 33 anos “dedicados exclusivamente à administração tributária” foi sempre “de natureza técnica”. “Nunca tive filiação partidária”.
“Não busquei, não desejei toda essa exposição. Não disputarei cargos eleitorais. Não vim a essa comissão com o propósito de fazer o jogo de A ou de B, de X ou de Y. Não tenho interesse em alimentar polêmicas, nem prejudicar ninguém. Tenho interesse apenas de preservar minha história de vida”, acrescentou Lina, em sua exposição.
Lina Vieira descreveu sua visita à ministra da Casa Civil. Disse que foi identificada na entrada e encaminhada à sala onde haveria a reunião. “Foi um encontro rápido. Conversamos poucas amenidades no início e ela me pediu que a investigação do filho de Sarney fosse acelerada”.
Segundo Lina, a investigação estava ocorrendo em segredo de Justiça. Por isso, segundo ela, não havia motivo para dar conhecimento da reunião ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, seu então superior hierárquico. A ex-secretária disse ainda que esse foi o único encontro reservado que teve com a ministra Dilma.”
(Folha Online)