Com o título “Trabalhar pela vida”, eis artigo de Rui Aguiar, chefe do escritório do Unicef em Fortaleza. Ele aborda necessidade do engajamento por ações que dignificam e valorizam a vida. Cita o exemplo do humorista Renato Aragão. Confira:
Quando Renato Aragão tocou a mão do Cristo Redentor após uma extenuante escalada que passou pelo coração de homens e mulheres em todo o País, muitos entenderam que gestos concretos mobilizam vontades. O primeiro embaixador brasileiro do UNICEF tem uma preocupação especial, revelada por um amigo próximo: que nenhuma criança tenha que dormir nas ruas, olhando as estrelas.
Sobretudo estando em ambientes seguros e protetores, toda criança tem o direito de olhar as estrelas, de sonhar e também de brilhar na vida. Nas últimas três décadas, Renato tem estado ao lado do UNICEF, promovendo o direito de meninas e meninos a brilhar onde estiverem, com os recursos, identidades e potencialidades que tiverem. Pessoas como Renato projetam em muitos o desejo de engajar-se em causas que ajudem a reduzir na infância as desigualdades de gênero, etnia, renda, local de moradia, credo e cultura.
Todos os dias, milhares de profissionais no Brasil fazem sua parte em escolas, postos de saúde e assistência social nos quase 5.500 municípios do País. Como Renato, escalam cotidianamente suas próprias montanhas e tocam as mãos e o coração de crianças e adolescentes que com eles aprendem o mapa da vida. São embaixadores anônimos, engajados a seu modo e circunstâncias, fazendo o que acreditam ser importante para a mudança social.
Engajamento é uma daquelas palavras que ficam esquecidas até que alguém as descobre para descrever um sentimento comum que não tem explicação fácil. Engajar-se é engatar-se, criar vínculo duradouro com uma causa. Causa é tanto o que leva algo a acontecer como algo que nos faz acontecer neste mundo. São as causas que nos permitem honrar a vida para além do existir.
Existem mil maneiras de engajar-se em causas sociais neste mundo tão complexo e diverso. Todas passam por nós e pela infância. Estar em uma causa é a forma mais humana de curtir, seguir e compartilhar ao longo da vida. É a maneira mais radical de tocar a mão da criação e trabalhar pela vida.
*Rui Aguiar
raguiar@unicef.org
chefe do escritório do UNICEF em Fortaleza.