Com o título “Padre Cícero: a fé que ampara o nordestino”, eis artigo do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira. Ele destaca a importância do gesto do Papa Francisco de perdoar o Padre Cícero, o santo do povo nordestino. Confira:
O dia 20 de dezembro será para sempre lembrado pelos nordestinos, em especial os cearenses, como a data em que a Igreja Católica se reconciliou com o padre cearense Cícero Romão Batista, o nosso Padre Cícero. Sertanejo que sou, nascido em Lavras de Mangabeira, apegado à terra e às tradições, faço questão de reverenciar esta importante passagem, anunciada e festejada desde que o bispo diocesano do Crato, Dom Fernando Panico, antecipou a novidade em sua homilia, na Catedral de Nossa Senhora da Penha.
Em carta enviada pelo Vaticano, se reconhece o poder da memória de Padre Cícero entre católicos de todo o Brasil, e seu potencial como instrumento de evangelização popular. A atitude do Padre Cícero em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui, sem dúvida, um sinal importante e atual de sua grande fé. O Papa Francisco, considerou não haver motivos que impeçam o maior líder religioso da história do Nordeste de ser reabilitado, beatificado ou canonizado.
Essa reconciliação terá ainda muitos desdobramentos, mas encerra uma longa caminhada iniciada em 1894, quando Padre Cícero foi suspenso da ordem por manipulação da fé, devido ao caso do “milagre da hóstia”. Foi ao reconhecer esta realidade que O Papa Francisco estabeleceu a reconciliação de Padre Cícero com a Igreja como prioridade desde o início de seu episcopado, em 2001. A boa notícia chega em um momento especial, quando comemoramos no último dia 30 de novembro, os 145 anos de ordenação de Padre Cícero.
Com o lema “cada casa uma oficina, cada oficina um oratório”, Padre Cícero transformou a pequena vila de Juazeiro do Norte num dos fortes pontos comerciais da Região do Cariri. Afastado de suas atribuições clericais, em 1911 foi nomeado o primeiro prefeito do município recém-emancipado. Sempre com batina, chapéu, bengala e muito carisma, levou para a Juazeiro desenvolvimento, estimulando a agricultura e o comércio, construindo escolas e ajudando a população mais carente nos difíceis períodos de seca.
Hoje, Padre Cícero atrai mais de dois milhões de romeiros por ano a Juazeiro do Norte. Sua estátua presta as merecidas homenagens ao romeiro. Podemos dizer, sem dúvidas, que Padre Cícero, há muito tempo, foi canonizado pelos nordestinos, que sempre o viram como sacerdote íntegro, virtuoso e exemplo a ser seguido.
Com o ato o Papa Francisco fez a justiça dos homens a Padre Cícero. Digo justiça dos homens porque a justiça divina é feita dia a dia, nos gestos de solidariedade, de bondade e de compromisso com a justiça social de todos nós.
Para sempre, Padre Cícero!
*Eunício Oliveira,
Líder do PMDB no Senado.