Com o título “Petrobras, a lição”, eis artigo do escritor Saraiva Júnior. Ele aborda o escândalo da Petrobras e lança um alerta: “A quem interessa o enfraquecimento da Petrobras para depois comprá-la a preço de banana?” Confira:
Não custa nada refletir sobre as lições da história. Getúlio Dorneles Vargas em seu último mandato como presidente da República, eleito pelo voto popular em 1950, teve o importante apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB), capitaneado pelo líder Luís Carlos Prestes. O PCB daquela época, apesar das concessões à burguesia, era a esperança da redenção da classe trabalhadora.
O presidente Getúlio Vargas, tido como o pai dos pobres, em sua esperteza, nomeia como ministro da Fazenda Horácio Lafer – representante de poderoso grupo econômico de São Paulo -; como ministro da Agricultura, João Cleófas, líder da União Democrática Nacional (UDN), o maior partido político de oposição a Getúlio; e, como ministro da Justiça, Francisco Negrão de Lima, dentre outros. Tal gabinete ficou conhecido como conservador e Getúlio o batizou de ministério da experiência. A intenção do presidente era acalmar o mercado, o Congresso Nacional, em sua maioria reacionário e em muitos aspectos, direitista.
O presidente Getúlio Vargas fazia política como se estivesse em um tabuleiro de xadrez: afastou os comunistas de seu governo e obrigou Prestes e sua turma a ir para a oposição. Com esse gesto, ele demonstrava para a UDN que não queria aproximação com a esquerda e, ao mesmo tempo, estava aberto ao diálogo com a direita. Ele desejava assegurar a tal da governabilidade.
Vale ressaltar que a paz pretendida por Getúlio com o Congresso Nacional durou pouco tempo. E um dos motivos dessa briga era a recém fundada empresa Petrobras. A UDN queria que o governo entregasse a Petrobras para um grupo de empresas dos Estados Unidos. Getúlio, apoiado no povo brasileiro, desejava a nacionalização. A ira da UDN, acrescida a outras “pisadas na bola” por parte dos defensores do governo, logo voltou com mais ódio contra Getúlio. Essa história acabou com o enfraquecimento do governo e com o suicídio do presidente em 21 de agosto de 1955.
O povo somente foi às ruas com a morte de Getúlio e a Petrobras foi salva das garras das multinacionais, pelo menos naquele tempo. Dever de casa: a) tente mudar os personagens da era Vargas pelos personagens do atual governo da presidente Dilma; Redação: a quem interessa o enfraquecimento da Petrobras para depois comprá-la a preço de banana?
* Saraiva Júnior
saraivajunior.junior@gmail.com
Escritor.