Com o título “Copa 2014 – Quando o discurso foge da realidade”, eis artigo do jornalista Osvaldo Scaliotti. Ele aborda a competição e as lições de casa mal feitas em se tratando das obras que envolvem estádios e aquelas de mobilidade urbana principalmente. Confira:
O Brasil vive hoje um exemplo claro de discurso desassociado da realidade no que se refere à Copa do Mundo 2014. No dia 30 de outubro de 2007, o então presidente Lula, durante cerimônia em Zurique, na Suíça, garantiu: “Estejam certos de que o Brasil saberá, orgulhosamente, fazer a sua lição de casa”.Essa lição, no discurso do Presidente e diversas autoridades públicas da época, seria a construção dos estádios e obras no prazo e grande legado para infraestrutura do País, tudo com transparência e responsabilidade com o dinheiro público.
Entre 2007 e hoje, a “lição de casa” mal feita já rende protestos da população e comprometimento à imagem internacional do País, inclusive junto à própria Fifa. Em janeiro, as obras de mobilidade urbana, anunciadas como principal legado, já tinham sido reduzidas pela metade: dos R$ 15,4 bilhões previstos em 2010 para 56 intervenções nas 12 sedes, restaram apenas 39 projetos e R$ 7,9 bilhões.
Escândalos também já começam a aparecer, como o Estádio Mané Garrincha, em Brasília, que teve superfaturamento de R$ 431 milhões, conforme análise do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Os atrasos nas obras dos estádios Itaquerão, em São Paulo, e Arena da Baixada, em Curitiba, já chegam ao inaceitável.
O próprio Ceará, que no início se destacou por ser o primeiro a entregar um estádio para a Copa 2014, no caso a Arena Castelão, já coleciona decepções e prazos descumpridos. Por exemplo, as obras do Veículo Leve Sobre Trilhos – VLT Parangaba-Mucuripe, do Porto do Mucuripe e do Aeroporto Pinto Martins estão atrasadas, com risco de não serem entregues a tempo. Impressiona também a injustificável lentidão nas obras das avenidas em torno da Arena Castelão.
O certo é que o Brasil precisará, em menos de três meses, fazer pelo menos parte do que prometeu há sete anos, ou seja, o suficiente para passar por média e não transformar a Copa em vergonha histórica aos olhos do mundo e do próprio povo brasileiro.
* Oswaldo Scaliotti
osnjornalista@gmail.com
Jornalista e MBA em
Economia e Finanças pela FIA/BM&FBovespa.