
Com o título “Os Números do Ministério do Turismo”, o ex-secretário estadual do Turismo, Allan Aguiar, lamenta que o quadro turístico no Estado ande em clima de estagnação. Mas ele aproveita para festejar a “demissão” dos que estão no poder em Fortaleza, cidade turística que tem tudo para melhorar sua situação nacional nesse mercado. Confira:
O melhor prisma de uma análise é o mérito dos números do desempenho. Os Estudos da Demanda Turística Doméstica e Internacional do Brasil, no período 2005/2011, realizados pela FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, sob encomenda do Ministério do Turismo, merecem uma séria reflexão de todos aqueles cearenses preocupados com o estado da nossa economia.
O futuro é promissor pelas infraestruturas turísticas construídas pelo atual Governo do Estado, que já figura como imortal da Academia Cearense de Quem Fez Mais Obras Para o Turismo. Nem o saudoso ex-governador César Cals marcou tantos gols. O futuro também é promissor pelo fato do atual governador ter conseguido demitir, nas urnas e no atacado, os atuais administradores de Fortaleza, nosso principal Destino Turístico. São todos gente boa, mas alguns não são bons gestores públicos.
Já o presente e o passado recente são de um retrocesso atroz, sob a ótica dos resultados dos agregados turísticos. Mencionados Estudos da FIPE revelam nossa posição coadjuvante no contexto Nacional. Mesmo com a trágica gestão do turismo do governo baiano, Salvador mandou-nos para a quarta colocação dentre as capitais mais visitadas. Sempre estivemos atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Recife, outrora distante no ranking, está em empate técnico conosco, seguida de perto por Natal. No conjunto das viagens domésticas, o Destino Ceará ocupa a modesta oitava posição, beliscando apenas 5,5% (sétima posição) da receita turística gerada.
Quando examinamos o contexto do Turismo Internacional, referidos estudos do Ministério sugerem o desaparecimento do Ceará do mapa do fluxo internacional. Mesmo com toda a crise na Europa e Argentina, o Brasil conseguiu manter o patamar de números de Turistas Internacionais. Nosso Estado perdeu quase a metade de seus visitantes estrangeiros, quase a totalidade de seus voos charters internacionais e metade de seus voos regulares internacionais. Hoje, só nos resta, praticamente, a TAP – Air Portugal e a TACV – Cabo Verde Air Lines. Somos a nona Unidade da Federação mais visitada e Fortaleza o sétimo local mais visitado.
O quadro apresentado pelo Ministério do Turismo permite entender a estagnação da atividade turística em nosso Estado. Fortaleza não inaugura um novo Hotel há sete anos. Sem demanda, a oferta hoteleira não cresce. Os Roteiros do Interior, inclusive aqueles no espaço rural e natural desapareceram. Os que sobrevivem dependem apenas do fluxo de viagens de negócios. Lazer e entretenimento, nossa locomotiva, está descarrilhando nos trilhos do prejuízo e aviltamento dos seus tarifários. Sol e Praia, de brasileiros, é o que nos restou: Recepcionar a emergente classe C e D. Somos hoje o Turismo do Divino, da novela Avenida Brasil.
* Allan Aguiar,
Consultor Empresarial, foi Secretário do Turismo do Ceará e Presidente da EMPETUR/PE e CTI/Nordeste.