O ministro interino dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, foi efetivado no cargo pela presidente Dilma Rousseff. Ela formalizou o convite ontem, e Passos aceitou.
A decisão não agrada à bancada de deputados, mas a presidente já providenciou um encontro no Palácio da Alvorada para acalmar os aliados e não deixar a crise do PR contaminar a base governista. Desde a semana passada, Passos vinha substituindo Alfredo Nascimento (PR-AM), desafeto do governador Cid Gomes (PSB) e afastado por denúncias de corrupção.
Para o lugar de Nascimento a presidente chamou o senador Blairo Maggi (PR-MT), mas ele não aceitou o convite. O preferido da presidente passou a ser Paulo Sérgio Passos. Mas, por problemas com o PR, principalmente com a bancada de deputados, Dilma teve de esperar o partido se acalmar.
Para isso, ela começou a fazer afagos no PR e, principalmente, no senador Blairo Maggi, padrinho de Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que deve ser demitido depois das férias, em agosto.
Dilma agiu para se reaproximar do PR e de Maggi, que acabou por ajudá-la a convencer Pagot a fazer depoimento apenas técnico no Senado, sem apontar o dedo para ninguém.
Mas a operação para contornar a crise política no governo não parou aí. Em mais uma tentativa de evitar brigas com a base, a presidente marcou para hoje “happy hour”, no Palácio da Alvorada, com os líderes da coalizão governista.
Dilma aproveitou seu discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Anísio Teixeira, ontem, para novo afago.
Alterou o discurso previamente preparado ao dizer que “o governo não concorda” com notícias de falta de prestígio de seus ministros.
“Merecem os meus cumprimentos os ministros ausentes Mário Negromonte (Cidades, do PP), Pedro Novais (Turismo, do PMDB), Ana de Hollanda (Cultura, do PT), Orlando Silva (Esportes, do PCdoB), Moreira Franco (Assuntos Estratégicos, do PMDB) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário, PT)”, disse Dilma. Todos eles foram citados em reportagens do fim de semana como desprestigiados.
Ao usar o discurso de uma cerimônia para tentar fazer afagos aos partidos da base aliada, a presidente Dilma repetiu estratégia regularmente adotada pelo ex-presidente Lula, de fazer os elogios públicos para sua base, coisa que Dilma até agora vinha evitando.
Com a sua fala de ontem, Dilma espera que a irritação dos aliados, que atingiu o ápice no PR, não se espalhe para os demais partidos. Por isso, decidiu fazer o encontro com os aliados no Alvorada, com a desculpa de que iriam comemorar o encerramento dos trabalhos do semestre legislativo. A ideia do governo é que a presidente participe de alguns encontros coletivos, mas que o varejo seria tocado pelo ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. (das agências)
(O POVO)