Com o título “Brasil entre o reacionarismo e a ameaça da esquerda totalitária”, eis artigo de Catarina Rochamonte, doutora em Filosofia e professora da Uece. Ela bate duro na chapa Haddad-Marina. Confira:
O PT e seus satélites esmeram-se em denunciar um suposto autoritarismo da chapa Capitão Bolsonaro e General Mourão. De fato, essa chapa tem um viés reacionário pouco condizente com o conservadorismo tal como nos é apresentado por intelectuais como, por exemplo, Roger Scruton, João Pereira Coutinho ou Bruno Garschagen. Diferentemente do conservador, cuja postura política é sóbria, cética e distante dos radicalismos, o reacionário pode ser tão radical quanto um revolucionário no seu apego ao passado que quer restaurar e o saudosismo que tanto o candidato do PSL quanto o seu vice por vezes demonstram em relação aos idos de 1964 preocupa mais do que suas patentes militares.
Ocorre, porém, que a chapa Fernando Haddad e Manuela D’Ávila não tem qualquer respaldo moral para fundamentar os vitupérios que lançam contra Bolsonaro, já que ambos também são saudosos de ditaduras do passado (aquelas que configuraram os regimes totalitários de esquerda no século XX) e são, além do mais, amantes e defensores de ditaduras do presente (Coreia do Norte, Cuba, Nicarágua e Venezuela). Só isso já faria dessa chapa da esquerda uma ameaça maior, mais real e mais presente.
O caso especialmente deprimente é o da íntima relação entre o PT e a ditadura chavista na Venezuela, pois as investigações da Lava Jato indicaram que esta relação foi irrigada com dinheiro tomado do povo brasileiro para financiar os amigos ideológicos: dinheiro legal – através de empréstimos heterodoxos e, muito provavelmente, dinheiro ilegal – proveniente da corrupção da Petrobras.
Como se já não bastassem esses sinais indicativos da inclinação totalitária da bizarra chapa “Haddad é Lula; vice Manuela”, veio José Dirceu, o segundo em comando no esquema lulopetista, e disse o seguinte: “é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição.” A esquerda, claro, e grande parte da imprensa subestimou essa afirmação de Dirceu, enquanto superestimava uma fala de Bolsonaro na qual dizia que não aceitaria resultado das eleições diferente de sua vitória. Bolsonaro voltou atrás na sua fala, mas Dirceu não.
“Tomar o poder” é palavra de ordem histórica do bolchevismo para o assalto revolucionário ao Estado e imposição incontrastável do poder do partido único. A extensão da tirania anunciada por essa velha palavra de ordem, renascida pela boca do estrategista maior do lulopetismo, pode ser vislumbrada na explicação do maior estrategista comunista de todos os tempos, Lênin, que, no livro A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky, ensina: “A ditadura revolucionária do proletariado é um poder conquistado e mantido pela violência do proletariado sobre a burguesia, um poder que não está amarrado por nenhuma lei.”
Estão compreendendo agora o que José Dirceu quis dizer com a expressão “tomar o poder”? Com efeito, “um poder que não está amarrado por nenhuma lei” não se conquista através de uma eleição; tal eleição, quando houver, será apenas uma etapa para a consecução do plano revolucionário de poder total.
*Catarina Rochamonte
catarina.rochamonte@gmail.com
Doutora em Filosofia e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece).