
Evandro Leitão presidiu os trabalhos do seminário.
A Assembleia Legislativa deverá contar, em breve, com uma Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e Combate à Depressão e ao Suicídio. O anúncio foi feito pelo primeiro-secretário da Casa, Evandro Leitão (PDT), durante seminário sobre o assunto que ocorreu, nesta segunda-feira, no Complexo das Comissões. O parlamentar, que tem projetos em tramitação para instituir políticas públicas de combate à depressão e à automutilação, disse que buscará as assinaturas dos colegas para instalar essa frente.
O encontro contou com a participação de acadêmicos, psicólogos, psicanalistas, representantes o Ministério Público (MPCE) e da igreja.
De acordo com Maria Ivoneide Veríssimo, membro do Programa de Apoio à Vida (Pravida), a cada 40 segundos uma pessoa no mundo tira a própria vida. No Brasil, são 12 mil ocorrências por ano. O Ceará é o primeiro do Norte e Nordeste em registros de mortes por suicídio.
LGBT e depressão
Especialista em prevenção e posvenção, o padre Carlos Alberto Holanda Martins declarou que 40% dos LGBTs (sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e outras expressões de gênero) sofrem de depressão. Entre 2017 e 2018, o percentual de suicídio entre lésbicas aumentou 52% e entre gays, 45%. “A piora nesse cenário é por conta do reforço de ideias do tipo ‘prefiro um filho morto a um filho gay’. Precisamos acolher essas pessoas para evitar essas mortes”, afirmou.
O promotor do MPCE e membro do projeto Vidas Preservadas, Hugo José Lucena de Mendonça, e o psicólogo Hugo Francisco Ramos Nogueira concordam que é urgente a formulação de políticas para combater a epidemia do suicídio. “Temos de fazer com que a sociedade cearense fale sobre suicídio, mas que fale de uma maneira correta”, afirmou o promotor.
A psicoterapeuta que atua no Departamento de Saúde da Assembleia Legislativa, Lorena Maria Rios de Figueiredo, afirmou que é preciso haver uma maior integração entre escolas, centros de assistência social, unidades básicas de saúde e outras instituições para que o problema possa ser tratado de forma efetiva na sociedade.
Membro do Laboratório de Estudos em Psicanálise, Cultura e Subjetividade, Thais Lia Castro Leite contou que o problema da automutilação é uma discussão recente. Ela explica que as pessoas que sofrem com o problema geralmente estão buscando um lugar no mundo, mas não necessariamente querem praticar suicídio ou têm depressão. O diagnóstico, portanto, tem de ser diferenciado. Segundo Thais, a prática atinge jovens, principalmente meninas.
(Também com Agência ALCE/Foto – ALCE)