Com o título “Desemprego”, eis artigo do professor e ex-deputado federal Ariosto Holanda. Ele insiste na tese de que “somente com educação e trabalho poderemos garantir cidadania para esses milhões de excluídos” que ainda existem no Brasil. Confira:
O lado do desemprego que o governo não quer enxergar é a da necessidade de capacitação do homem. Estamos no século das revoluções científicas, na época em que o conhecimento é a ferramenta mais importante para todas atividades profissionais.
O setor primário, ao ser beneficiado pela mecanização agrícola e biotecnologia para aumentar a sua produtividade, passou a exigir mão de obra e assistência técnica especializada. A indústria, ao perseguir a inovação, foi automatizada ou robotizada, sendo hoje intensiva em capital e demanda menos mão de obra. O setor produtivo está a demandar pesquisas em nanotecnologia, biotecnologia, química fina, novos materiais, tecnologia da informação e outras. A área de serviços tem carência de conhecimentos em comunicação e mídias eletrônicas.
Se analisarmos os anos em que o Brasil teve um índice de emprego elevado, observaremos que surgiu trabalho na faixa de até dois salários mínimos. Esse trabalho que era feito pelo homem está sendo substituído por máquinas.
Vivemos numa sociedade que persegue o crescimento econômico à custa de consumo, sem olhar o aspecto do desenvolvimento humano. O resultado aí está: chegamos a ser a sétima economia do mundo em Produto Interno Bruto (PIB). Mas com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 85. É um dos piores, porque estamos ruins em saúde, educação e renda.
O Brasil, apesar de ter avançado na educação, no entanto, apresenta uma sociedade extremamente desigual. O Nordeste tem 17% de analfabetos, 25 milhões de analfabetos funcionais, 55% de jovens de 14 a 17 anos fora da escola e um número significativo de micro e pequenas empresas que nascem e morrem por falta de assistência tecnológica.
Somente com educação e trabalho poderemos garantir cidadania para esses milhões de excluídos. Se não atacarmos esse problema, virá o que já está ocorrendo – a marginalidade. Só tem uma saída: investir no professor, porque escola é professor. Assim, o fizeram Japão, Alemanha, Coreia, Finlândia e outros.
*Ariosto Holanda
ariostoholanda@terra.com.br
Professor.