Da Coluna Política, no O POVO deste sábado (5), pelo jornalista Érico Firmo:
Um mês atrás, depois de quase um ano e meio de vácuo de informação, o governo voltou a divulgar os números de roubos e furtos no Ceará. Na ocasião, o Estado comemorava o sexto mês seguido de redução de homicídios, mas se deparava com quantidade espantosa de roubos e furtos. Foram 8,9 mil ao longo do mês de julho. Um mês depois, o cenário é diferente. O número de homicídios voltou a crescer, enquanto os crimes contra o patrimônio tiveram queda. Este último dado mostra o começo de uma melhora no tipo de crime que tem maior impacto para a sensação de insegurança generalizada. Porém, o primeiro dado coloca em questão a mais urgente das tarefas do poder público no Ceará.
O grande resultado do primeiro semestre de governo Camilo Santana (PT) havia sido justamente a redução dos índices de homicídio. Foi a primeira diferença que conseguiu demarcar em relação ao antecessor e apoiador Cid Gomes (Pros). Como O POVO já vinha apontando, a receita que vinha dando certo agora passará pelo mais árduo teste. E o primeiro resultado não foi nada bom. Pela primeira vez em sete meses, os homicídios voltaram a apresentar aumento. A estratégia até então bem sucedida está em questão.
O governo Camilo teve sucesso nos primeiros meses, colhendo também frutos da continuidade da política adotada na fase final do governo Cid. Porém, esse modelo pode estar conhecendo seu primeiro limite. A interrogação é se as mesmas medidas continuarão a dar frutos. Ou se há necessidade de uma nova etapa para ir além. Esse talvez seja o maior desafio do governador.
No primeiro semestre, o governo foi favorecido pelos péssimos números da primeira metade do ano passado. Como a comparação é com o mesmo mês do ano anterior, conseguir a redução era relativamente simples. Afinal, o parâmetro de referência era o pior possível. Porém, a partir de agosto de 2014, o quadro começou a melhorar. Então, a referência de comparação já não é tão fácil de ser alcançada. Em setembro, obter a redução será ainda mais complicado. No ano passado, o mês foi o que apresentou maior redução.
Porém, se seguir reduzindo o número de homicídios não é mais tão simples, há de se considerar que os indicadores permanecem muito acima de parâmetros civilizados. Está-se longe de uma realidade na qual se possa afirmar que não há mais gordura para queimar.