
Editorial do O POVO neste domingo (12) aponta que Camilo Santana vai impondo sua marca de governante, sem a necessidade de grandes obras. Confira:
Pela forma como chegou à chefia do Executivo, com indicação direta de seu antecessor, muitos imaginavam que o governador Camilo Santana ficaria subordinado a Cid Gomes, sem demonstrar iniciativa. A rigor, Camilo Santana nunca deixa de expressar sua admiração política pelos Ferreira Gomes, ressaltando os aspectos positivos da administração de Cid, e admitindo o seu governo como continuidade da governança anterior.
Porém, nesses 100 dias de governo, já é perceptível que, sem alarde, Camilo Santana vem impondo o seu modo de gerir o Estado, o que se pode observar, por exemplo, no cumprimento da meta estabelecida pela redução de homicídios, neste primeiro trimestre do ano, e no diálogo que ele vem abrindo com diversos setores da sociedade, incluindo os profissionais da área da segurança pública, cuja relação foi de tensionamento no governo passado.
Ainda nesse aspecto da segurança pública observa-se outra diferença importante entre os dois governos, conforme pode ser visto na entrevista que Camilo concedeu aos jornalistas Guálter George e Jocélio Leal, publicada na edição de sexta-feira. Além das mudanças conceituais que pretende implementar no programa Ronda do Quarteirão, será introduzida outra alteração: saem as Hilux, veículos tracionados – que foram uma marca da era Cid Gomes -, e entram “carros mais simples” para toda a Polícia Militar. Mesmo nessa área, uma das mais criticadas do governo anterior, Camilo rende homenagens a Cid Gomes dizendo que “nenhum outro governador” investiu tanto em segurança.
Perguntado, na entrevista, sobre qual seria a característica essencial de seu mandato, Camilo Santana afirmou não almejar que a sua “marca” fosse a “de um equipamento”, e sim o “esforço de diálogo, de um governo sempre aberto a construir junto com a sociedade”. São palavras sensatas, pois é óbvio que identificar as necessidades antecede à edificação de possíveis obras para resolvê-las; ou seja, estas são decorrente daquelas, e não o contrário.
Pelo que se pode perceber, o governador é adepto do “soft power”, um conceito utilizado nas relações internacionais, mas que pode ser aplicado a Camilo Santana, que prefere influenciar pela força das ideias, e não pela imposição do poder que ele detém como chefe do Executivo estadual. Sem dúvida, é um método elogiável, com potencial para se tornar em uma experiência positiva para o povo cearense.