Com o título “Atenção primária à saúde é a base para organizar o SUS”, eis artigo da prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar, que é cicerone, a partir desta terça-feira, de um encontro que discute Planificação da Saúde. No evento, representantes do Ministério da Saúde, da SESA, da Fiocruz e de várias outras instituições sanitária parceiras e apoiadoras deste projeto no município. Confira:.
Organizar um sistema local de saúde é uma tarefa extremamente complexa, sobretudo na perspectiva de superação de um modelo de atenção à saúde fragmentada e voltada, prioritariamente, para a assistência às condições agudas.
Diante das mudanças no perfil demográfico, na transição epidemiológica e nos estilos de vida da população, que evoluem para a prevalência das condições crônicas de saúde, o caminho para enfrentar essa situação é adotar um modelo de saúde no formato organizativo de um sistema de saúde integrado que se dá a partir da consolidação das Redes de Atenção à Saúde, tendo a Atenção Primária à Saúde – APS como eixo estruturante do SUS e como coordenadora do cuidado. Isso propicia um sistema de saúde com responsabilização, resolutivo, humanizado e integrado.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS, desde 2003 elegeu a APS como uma de suas áreas de atuação prioritária, trabalhando com as oficinas de Planificação da Atenção Primária à Saúde e, em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde – SESA, o Governo Municipal de Tauá, a Escola de Saúde Pública -ESP e a Fundação Oswaldo Cruz -FIOCRUZ, decidiu implantar o laboratório da Planificação da APS no município de Tauá, com início em janeiro de 2013, visando o fortalecimento da atenção primária.
Trata-se de um projeto precursor e ousado, pois esta é a primeira vez que a Planificação da APS está sendo trabalhada em um Município, contando com adaptações das oficinas para um Curso de Especialização, para os profissionais graduados, e Curso de Aperfeiçoamento em serviço para os demais. Ao todo estão envolvidos 530 profissionais da atenção primária à saúde, que serão certificados pela ESP, com 100% de participação das equipes de saúde da família englobando todas as categorias, onde se aborda temas importantes para a atuação no trabalho em saúde como: redes de atenção à saúde, atenção primária à saúde, territorialização, organização dos processos de Trabalho em saúde, vigilância em saúde, a organização da atenção à saúde na Unidade Básica de Saúde, abordagem familiar e prontuário familiar, a organização da assistência farmacêutica, o sistema de informação e análise de situação de saúde, os sistemas de apoio diagnóstico, sistemas logísticos e monitoramento e a contratualização das equipes da APS.
Os encontros presenciais ocorrem em torno de trinta a quarenta dias, com a participação de técnicos do CONASS e gestores da saúde do município e da Secretaria Estadual da Saúde, sendo que, até o momento, já foram realizados sete módulos. Ao final dos encontros os profissionais são orientados para executarem atividades de dispersão, que os ajudam a discutirem os problemas locais e proporciona uma reflexão e mudança nos processos de trabalho em suas unidades de saúde. Para tais atividades as equipes contam, também, com o apoio de tutores, designados pelo município.
Ao tempo em que os módulos acontecem foi selecionada no município uma unidade de saúde (UBS das equipes de Alto Brilhante e Ana Alves), que servirá de laboratório para a implantação dos microprocessos de trabalho, necessários à padronização dos procedimentos operacionais que ajudarão na organização e resolutividade dos serviços. O intuito é que esses processos sejam replicados a todas as unidades básicas de saúde, com o monitoramento de cinco tutores supervisores.
A idealização dessa experiência denota um pioneirismo e desperta o interesse de diversas instituições por estar fazendo da Política de Atenção Básica, o centro da reorientação do modelo de atenção à saúde no município, sede da 14ª região dos Inhamuns, como espaço privilegiado de Educação Permanente e de cogestão que, ao ser avaliado por meio de pesquisa cientifica quantiqualitativa pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR como efetivo e eficiente, poderá ser replicado para as demais regiões de saúde do estado do Ceará.
Dentre os principais produtos deste ousado investimento podemos destacar: as novas formas de gerir a saúde local por meio da participação social; o fomento, a pesquisa e a produção científica, gerados pelos trabalhos de conclusão do curso; a análise e discussão de indicadores de saúde pactuando novas estratégias e metas a serem alcançadas, além da contribuição para a reconfiguração de uma nova rede de serviços mais resolutiva, articulada e que proporcione o cuidado integral a partir de cuidados primários.
Articulação, parceria e decisão política foram pontos fundamentais para a implantação desse laboratório de Planificação da APS, que se constitui como projeto de grande significado social e político para saúde pública do nosso Estado e do País.
* Patrícia Aguiar,
Prefeita de Tauá.