Com o título “As lições de uma comoção nacional”, eis o Editoral do O POVO desta segunda-feira. Aborda as muitas lições que podem ser tiradas da morte de Eduardo Campos. Confira:
A comoção nacional gerada pela tragédia que ceifou a vida do ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República, Eduardo Campos, bem como de seus assessores, e de dois pilotos na queda de uma aeronave em Santos, são momentos únicos na história que deveriam servir para se tirar lições profundas. No caso específico, como se viu ontem por ocasião do velório e enterro de Campos, em Recife, o episódio mostrou a devoção popular por um político jovem, mas já tão admirado pelo povo do estado o qual governou por dois mandatos.
E qual a grande reflexão que pode ser feita disso, se não a possibilidade de ainda se acreditar na força dos bons propósitos no âmbito da política como instrumento de transformação social? Campos, nesse sentido, independente de se entrar no mérito de suas propostas para governar o país, possuía um lastro considerável de serviços prestados a Pernambuco, como atestaram as pesquisas de opinião. Não há como negar, portanto, suas qualidades de gestor público.
Em contraposição, o país vivencia o período de campanha eleitoral para a presidência da República, governadores de estados e casas legislativas, sem que a mesma tenha ainda conseguido empolgar o eleitorado. Não em vista dos candidatos individualmente, mas por profunda descrença dos eleitores em relação a classe política de um modo geral. O que se viu nos últimos dias pós morte de Eduardo Campos, mas ontem, principalmente, é que esse desinteresse não acontece em vista do eleitor. Muito ao contrário, este se mostra grato aos homens públicos, desde que estes lhes sejam confiáveis.
Por outro lado, os gestos de solidariedade e respeito externados por adversários políticos diante do caixão de Eduardo Campos, são simbólicos e reveladores de que as brigas entre grupos políticos pelo poder não passam de pequenos grãos de areia frente ao desejo maior dos que serão por estes governados. Resta esperar que os verdadeiros vocacionados para servir ao povo saibam tirar lições do episódio.