Com o título “Degradação urbana”, eis o Editorial do O POVO desta terça-feira. Aborda o Exército de moradores de rua que circula por Fortaleza. Confira:
Estima-se que Fortaleza tem hoje cerca de 4.500 moradores de rua. A estatística não é confiável. Podem ser mais ou menos. Não há uma contagem oficial realizada com os devidos rigores estatísticos. Esse censo permitiria detalhar as origens e motivações desse problema social e urbano de grande gravidade.
O que leva milhares de pessoas a morar nas ruas de Fortaleza? Onde elas estão? Há relação com o vício em drogas? Há crianças nessa situação? São perguntas fundamentais para se colocar em prática qualquer política voltada para o setor. Hoje, não há estatística. Muito menos política pública.
É fácil identificar o problema na paisagem urbana. Em alguns logradouros públicos a situação é complexa. É o caso da Praça do Ferreira, cuja ocupação por moradores de rua foi motivo de reportagem do O POVO na semana passada.
Naquela praça, do ponto de vista histórico a mais importante da cidade, o quadro é desolador. Há redes, colchões, utensílios domésticos, e roupas. Famílias tomam banho e fazem suas necessidades fisiológicas por lá mesmo.
O retrato da Praça do Ferreira é um drama urbano que já se desenvolve em todo o Centro. Se os desvalidos fazem da Praça a moradia, centenas de comerciantes fazem das ruas e calçadas os pontos comerciais. É óbvio o célere processo de degradação daquela área.
No caso dos moradores de rua, está claro que não há políticas públicas para evitar a ocupação degradante dos espaços urbanos. E quando o poder público deixa de agir é como se estivesse dizendo que aquele tipo de ocupação é aceitável.
O mesmo processo ocorre em relação aos comerciantes ilegais. A tolerância, nesses casos, serve como estímulo para que mais e mais se sintam à vontade para reproduzir e aumentar o problema, que já ganhou imensa dimensão.
A atenção aos moradores de rua é social. O País tem programas como o Bolsa Família para esse público. Para os mais jovens, não há falta de vagas nas escolas públicas. Se o problema for relacionado às drogas, é preciso criar mecanismos adequados. O olhar apenas complacente e omisso só faz aprofundar o problema.