Com o título “Vai ter Copa”, eis artigo do vereador petista Acrísio Sena, que pode ser lido no O POVO desta segunda-feira. Ele comenta as manifestações populares contra a Copa do Mundo como uma espécie de crescimento político da juventude. “Os jovens aumentaram seu espírito crítico – isto é positivo – mas não conseguem dimensionar a importância deste evento. Copa não é novidade”, diz Acrísio. Confira:
Tenho acompanhado com preocupação as manifestações contra a realização da Copa. É preciso recuperar e comparar dados para verificar o que isto significa. Minha história pessoal dá pistas de como as mudanças recentes na história do Brasil ajudaram a pintar este quadro. Filho de família de operários, enfrentei dificuldades comuns às pessoas de baixa renda. Preocupado com a desigualdade social, me vinculei aos partidos de esquerda e lutas sociais. Como fundador e presidente da CUT-CE vivi de perto reivindicações por melhores condições de vida nas décadas de 1980/1990.
Umas das principais bandeiras do movimento sindical à época era o salário mínimo de U$S 100. No governo FHC, o mínimo correspondia a US$ 70. Hoje, com os governos do PT, equivale a US$ 300. A pauta do desemprego era constante. Hoje, a taxa das seis maiores regiões metropolitanas caiu para 5,4% na média de 2013, a menor marca da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Antes, universidade para trabalhador era um luxo. Hoje, são milhões em cursos superiores. São jovens com acesso à universidade, ganhando salários melhores e consumindo com qualidade. Milhões saíram das classes C e D para a classe média.
As manifestações contra a Copa, contraditoriamente, são fruto deste crescimento. Os jovens aumentaram seu espírito crítico – isto é positivo – mas não conseguem dimensionar a importância deste evento. Copa não é novidade. O Brasil já sediou o evento em 1950. E realizar uma Copa não significa reduzir investimentos ou dar as costas para problemas sociais. Em 2013, os recursos destinados à educação e à saúde cresceram. Em 2014, isso deve se repetir. Só em 2011 e 2012, o governo repassou a estados e municípios R$ 92 bilhões.
O Brasil não irá gastar menos por causa da Copa. Ao contrário, vai gastar. O fato é que o Brasil tem vários problemas. Mas que não foram causados e nem serão resolvidos pela Copa. E se o evento serviu para alertar e mobilizar a população em relação às suas carências, a Copa marcou mais um gol de placa. Até porque, independentemente do evento, haverá ganhos para a população. Basta verificar que cerca de 70% dos investimentos são em infraestrutura, mobilidade urbana, serviços e formação de mão-de-obra.
Além disso, o turismo cresceu 5,6% em 2013, acima da média mundial. É evidente o alinhamento político dos discursos: em sua maioria, quem se apresenta contra a Copa, é contra o Mais Médicos e o Bolsa Família. Por mais que uns não queiram a Copa, nem as Olimpíadas, são conquistas do povo. Quem vos fala é aquele jovem dos anos 1980/1990, que não teve, nem de longe, o direito sequer de sonhar com tal possibilidade.
* Acrísio Sena
opiniao@opovo.com.br
Vereador do PT em Fortaleza.