Com o título “Acorda, prefeito!”, eis artigo da professora e jornalista Adísia Sá. Ela faz uma denúncia: a lagoa do “Pau Finim” está sendo ocupada e ninguém faz nada.
Do 12º andar do Jatobá, mais precisamente, do meu apartamento, tenho uma vista privilegiada da pracinha e dos prédios que a circundam. Sei, então, quando os garis da Prefeitura fazem corretamente a limpeza das ruas e esvaziam as lixeiras; como observo atentamente o descuido de alguns deles, mal passando a vassoura no meio fio. Mas, meu olhar também se volta para o mais distante, ou seja, para o conjunto popular que fica paralelo à Santos Dumont, com movimento de crianças, adultos. Há pontos que me emocionam, como – pela manhã cedo-pais e mães vindos de suas casas, trazendo os filhos para as escolas da Cidade 2000. Há pais que trazem os filhos em suas bicicletas, com muito cuidado, fazendo, às vezes, zigues-zagues entre os carros que cortam as ruas, muitos deles tirando “fininho” das pessoas.
Cada dia há fatos novos, como, por exemplo, a ocupação da lagoa chamada de “pau fininho”. Posso dizer que essa ocupação se deu da noite para o dia, tão rápida se processou. Logo de início eu via aqui e ali um fiapo de luz. Era, com certeza , uma lamparina, depois a situação foi tomando novo rumo e eis que as lâmpadas, acesas.
A lagoa está praticamente tomada de moradias e o movimento de pessoas é intenso, notadamente pela manhã e à tarde, quando da ida e volta das escolas.
E eu a me perguntar: há fiscalização nesta cidade – que não vê o que se passa bem ali, na lagoa do pau fininho, com famílias à mercê do tempo, com suas casas levantadas na lagoa, seca, agora, mas, chovendo, é propriedade da água que brota e que cai, pondo em risco a vida de adultos e crianças, jovens e velhos. Os fiscais – e existem?- ou fazem vista grossa ao que está posto, ou simplesmente ficam sentados nas suas repartições, deixando parcelas da população absolutamente à mercê das circunstâncias?
Meus olhos não se encantam com os prédios modernos que circundam o coração da Aldeota, mas se voltam para as calçadas mal cuidadas, o lixo acumulado nas esquinas e os camburões esparramando sujeira para todos os lados.
Mas, para não dizer que só falo em coisas negativas, lembro que rua é para as pessoas transitarem e o fortalezense, como canta Demócrito Rocha, o poeta; “morrendo e resistindo, resistindo e morrendo…” , até que a Prefeitura acorde.
Adísia Sá
adisiasa@gmail.com
Jornalista do O POVO