Da coluna Política, no O POVO desta terça-feira (4), pelo jornalista Érico Firmo:
Em matéria publicada no O POVO deste domingo, o jornalista Marcos Robério mostra aspecto importante do possível racha na aliança que governa o Ceará lá se vão mais de sete anos. Como aponta o vereador eunicista Vitor Valim (PMDB), caso Eunício Oliveira (PMDB) resolva se lançar candidato e bata de frente com o candidato de Cid Gomes (Pros), o impacto para a administração estadual tende a ser menor que o efeito para a gestão Roberto Cláudio (Pros), em Fortaleza. Nem tanto pelas posições em secretarias. Tanto no Estado quanto no Município, a presença dos indicados por Eunício não é lá das mais notáveis.
A eventual saída de secretários do PMDB não seria exatamente um baque administrativo insuperável. Mas, considerando o aspecto político, a gestão Cid Gomes já se encaminha mesmo para o fim. Mesmo que faça o sucessor, quem entrar precisará recompor as bases. Com RC, o mandato ainda nem chegou à metade.
As cicatrizes, portanto, tendem a ser mais duradouras. Além disso, tanto o vice-prefeito, Gaudêncio Lucena, quanto o presidente da Câmara, Walter Cavalcante, são peemedebistas e eunicistas de quatro costados. Ou seja, o possível adversário do grupo cidista tem como aliados os dois nomes da linha de sucessão de Roberto Cláudio, sem falar que a Prefeitura não tem a mesma solidez na aliança do Governo do Estado. O PT municipal faz oposição, ao qual o PMDB pode se juntar, a depender dos desdobramentos estaduais.
Há gente na Prefeitura que minimiza o problema e acredita que o possível racha estadual talvez não tenha reflexo municipal. Pode até ser. Em 2012, é fato que o racha na Capital não afetou o entendimento estadual entre PT e Cid. Contudo, é mais fácil o rompimento embaixo não chegar ao topo que o inverso. Para isso ser possível, será necessária boa capacidade de equilíbrio. Que passa por deixar a Prefeitura e seus membros o mais distante possível da campanha.
Em ano de eleição estadual, normalmente a Prefeitura costuma ficar ligeiramente mais distante dos holofotes. Em Fortaleza, a proximidade do prefeito com o governador não torna isso possível. O possível racha com o PMDB pode tornar ainda maior o impacto da eleição municipal para a administração RC.