Com o título “Hospitalidade traída”, eis artigo da jornalista Adísia Sá publicado no O POVO desta terça-feira. Ela lamenta a forma agressiva como os médicos cubanos foram recebidos, num ato organizado pelo Sindicato dos Médicos do Estado. Confira:
O assunto da semana passada foi a matéria publicada por este jornal sobre a maneira como médicos cearenses receberam colegas de outros países: vaias e gritos a médicos que vieram prestar serviços profissionais em nosso Estado, por acordo firmado, no caso mais próximo, entre Cuba e Brasil. Lamentável o episódio, considerando que esse comportamento fere profundamente o nosso espírito hospitaleiro. Considere-se, também, que esses profissionais estão aqui graças a convênio firmado entre governos.
Os contratados serão lotados em localidades cearenses onde falta assistência médica, não por falta de boas ofertas salariais da parte das Prefeituras, mas, pelo que se sabe, pelo desinteresse dos doutores em sair para o interior, preferindo, mesmo ganhando pouco, ficar na Capital.
O fato chocou a opinião pública, considerando o senso ético dos médicos, atentos e preocupados em prestar serviços profissionais, notadamente onde mais urgente e necessária se faz a sua atuação. O que aconteceu à chegada dos estrangeiros, mereceu, inclusive, o repúdio do Sindicato dos Médicos, lamentando o comportamento de alguns de seus filiados.
Houve até quem gritasse: “voltem para a senzala”, assustando os colegas que desembarcavam. Para mim os feitores, esses sim, estavam compondo aquele triste, lamentável, vergonhoso espetáculo. O fato foi tão assustador que as cúpulas da Polícia Federal, PM e Secretaria de Segurança – segundo noticiário deste jornal, anunciaram que estariam prontas para garantir a proteção dos profissionais.
Passada a “loucura” do episódio, os médicos estrangeiros ocupam carteiras e, como estudantes, estudam português e tomam informações outras para maior e melhor desempenho profissional. Acredito que os “arruaceiros” recepcionistas devem estar com vergonha de seu comportamento e tudo fazem para apagar o espetáculo encenado em tão infeliz momento.
Sejam bem vindos, doutores, o que houve foi um lamentável equívoco: o cearense é bom: há desencaminhados … descaminhados. Simplesmente, descaminhados.
* Adísia Sá
adisiasa@gmail.com
Jornalista.