
Eis a coluna de Fábio Campos desta quinta-feira, no O POVO. Ele aborda aspectos positivos da gestão do prefeito Roberto Cláudio (PSB) em seus primeiros oito meses. Entre os destaques, o Plano Diretor Cicloviário e o Plano de Desenvolvimento Urbano. Confira:
Em oito meses de efetivo exercício de poder, há algumas importantes sinalizações da gestão de Roberto Cláudio (PSB) no sentido de superar o rito urbano que ainda amarra Fortaleza à ultrapassada lógica cujos símbolos principais são a excessiva valorização do automóvel, o individualismo, o desprezo pelas regras urbanas e a desvalorização dos espaços públicos de convivência social.
Nesse rumo, a principal e mais visível medida foi a assinatura por parte da Prefeitura da ordem de serviço para elaboração do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI) e do Plano de Circulação de Cargas e de Operações Associadas.
Atentem que a assinatura do PDCI foi feita a partir de uma série de conversas realizadas entre a gestão e as organizações que defendem a criação de ciclovias na cidade. Como se tratava de uma reivindicação, tais organizações assimilaram uma trégua na relação com a Prefeitura. Correto.
A Prefeitura anunciou que também pretende apresentar ao distinto público um Plano de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza. Tal projeto seria formulado em parceria com a UFC. Segundo o prefeito, “urbanistas, engenheiros, juristas e trabalhadores da cidade sentarão para produzir esse plano e isso envolverá a participação de todos. Iremos discutir a cidade metro quadrado por metro quadrado”. Que assim seja.
No âmbito da gestão, há um fator interno que ajuda a estabelecer um bom grau de confiabilidade. A secretária de Urbanismo e Meio Ambiente, Águeda Muniz, tem uma linha de raciocínio que, sem tirar os pés do chão, trabalha a favor de um ideal de cidade bem mais civilizado do que o que aí está.
Mas, voltando ao início, lá se foram oito meses. O fim do primeiro ano já desponta. Muitas outras sinalizações (até mais concretas) poderiam ter sido dadas. Como costumo escrever aqui, não se trata de invenções ou inovações. Basta reproduzir experiências que se tornaram referência mundo afora.
Sempre cito como exemplo os programas “cidade limpa” de despoluição visual. Não custam um tostão ao contribuinte e têm imenso efeito positivo tanto na estética da cidade quanto na cultura de relacionamento do cidadão com o espaço urbano. É uma velha tecla batida aqui desde a época de Juraci Magalhães.
Nesse ponto, não é uma boa notícia saber que já há um projeto de “cidade limpa” gestado no âmbito da Prefeitura sem que tenha passado pelo crivo do debate público. Tomara que esse conjunto de ideias seja exposto às instâncias que existem para tal e não seja apresentado como um “prato feito”.
Mas, respiram-se novos ares na cidade. Como nunca, muitos estão se engajando em uma sofisticada forma de pensar o nosso modelo urbano. E isso é muito bom, inclusive para o gestor que souber usar esse clima a seu favor para ousar nas suas políticas.
O mesmo vale para as relações privadas. É muito bom saber que já há respeitados arquitetos em Fortaleza que, por exemplo, sabem convencer seus inteligentes contratantes a abrir mão de um metro de largura do terreno a favor da ampliação da calçada do prédio a ser construído. Ora, o empreendimento se valoriza mais e a cidade só ganha.
O prefeito Roberto Cláudio é oriundo de uma escolarizada e influente camada social que preza muito a opinião pública. Já ouvi dele essa sentença. Isso é um fator positivo. Viajado, o prefeito sabe muito bem o que é uma cidade com urbanismo de qualidade. Então, entre nós, formaram-se as circunstâncias perfeitas para se colocar os melhores planos em execução.